São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A descendência de Cervantes GABRIEL CHALITA
Professor. Uma palavra de traduções diversas que encerra significados tão numerosos quanto belos. Um
termo apropriado àqueles que acreditam na grandiosidade da doação, do altruísmo e da capacidade de despertar
outros seres humanos para a aventura
do aprendizado e da transcendência.
Sejamos sinceros: não temos todas as respostas nem tampouco pretendemos posar de donos da verdade, mas esta homenagem tem o intuito de propiciar aos leitores uma reflexão sobre essas pessoas iluminadas, que nos presentearam com as condições para obter o alimento do corpo e do espírito. Uma reflexão sobre os nossos mestres e o papel imprescindível que desempenham em nossas vidas. Seres raros que vivem sob os signos diversos, mas complementares, da paixão e da razão. Exemplos de vida que nos transmitem lições essenciais à construção de nossas histórias. É esse o perfil da grande maioria dos educadores -crianças crescidas que, tal qual Peter Pan, se recusam a deixar de sonhar. E prosseguem incansáveis, dia após dia, capacitando seus alunos rumo à descoberta de suas potencialidades e talentos. Dia após dia, contribuindo para a formação de personalidades e de cidadãos que transitem apenas pelo caminho do bem. Espécies encantadas como foi um dos mestres que tive na vida: professor André Franco Montoro, um jovem eterno que, mesmo tendo completado 60 anos de magistério, entrava para dar aula com o entusiasmo de um iniciante. A paixão de Franco Montoro era conhecida por muitos. A maioria de nossos educadores é constituída por heróis anônimos que lutam, muitas vezes, empunhando apenas o giz e a boa vontade. Heróis que atravessam a seca, os igarapés ou mesmo o trânsito alucinante das metrópoles com o objetivo único de semear idéias, honestidade, honradez, boa vontade, oportunidades, ideais, criatividade e autoconfiança. Professores são descendentes diretos da linhagem onírica criada por Cervantes em seu "Dom Quixote". Sonhadores e idealistas que pairam muito acima de ideologias políticas, filosóficas ou religiosas. Preferem se ocupar com questões maiores: levam a vida a professar a educação e tudo de positivo que ela representa. Que, nesta data comemorativa e sempre, saibamos reconhecer seu valor e devolver-lhes a dignidade luzidia de um passado recente, mas que já traz muitas saudades. Gabriel Chalita, 33, professor de direito da PUC-SP, é secretário da Educação do Estado de São Paulo. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Sérgio Danese: A crise dois mísseis Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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