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A PRESSÃO DO IRAQUE
A situação da segurança no
Iraque não dá mostras de melhoria. Ao contrário, são nítidos os
sinais de agravamento do problema.
O próprio general Ricardo Sanchez,
comandante das forças norte-americanas de ocupação, afirma que os
ataques contra seus soldados vêm
crescendo em número e qualidade.
De acordo com o militar, há cerca
de dois meses ocorriam cerca de 15
confrontos por dia; hoje, os enfrentamentos chegam a 30, 35. E não é
só. No início, milícias iraquianas enfrentavam face a face as tropas invasoras; agora, são cada vez mais frequentes os ataques com explosivos
acionados à distância e com morteiros, o que indica a crescente sofisticação de suas táticas.
As mudanças encontram tradução
numérica em termos de vítimas do
lado americano. As duas últimas semanas estão entre as que produziram mais soldados mortos. Em novembro, até ontem, 41 militares dos
EUA haviam perdido a vida no Iraque. Das 401 baixas em toda a campanha iraquiana, 262 haviam ocorrido após 1º de maio, data em que o
presidente George W. Bush anunciou o fim das principais operações
de combate.
O mais dramático é que não parece
haver perspectivas de a situação melhorar a curto prazo ou mesmo a médio. Em princípio, a guerrilha contra
as forças de ocupação pode ser mantida por anos. Já há na mídia dos
EUA quem compare o Iraque ao Vietnã. A própria Casa Branca dá indícios de que vá proceder a grandes
mudanças na administração iraquiana. Eleições poderão ocorrer no próximo semestre, e não só depois de
promulgada uma nova Constituição.
Bush, que disputa seu segundo
mandato no ano que vem, enfrenta
uma curiosa inversão. Há poucos
meses, ele contava com o sucesso na
guerra ao terrorismo para fazer frente ao que se afigurava como um desempenho econômico fraco. Agora,
com a economia dando sinais de recuperação, o "staff" de Bush teme
que o Iraque atrapalhe a reeleição.
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