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São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2003

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A PRESSÃO DO IRAQUE

A situação da segurança no Iraque não dá mostras de melhoria. Ao contrário, são nítidos os sinais de agravamento do problema. O próprio general Ricardo Sanchez, comandante das forças norte-americanas de ocupação, afirma que os ataques contra seus soldados vêm crescendo em número e qualidade.
De acordo com o militar, há cerca de dois meses ocorriam cerca de 15 confrontos por dia; hoje, os enfrentamentos chegam a 30, 35. E não é só. No início, milícias iraquianas enfrentavam face a face as tropas invasoras; agora, são cada vez mais frequentes os ataques com explosivos acionados à distância e com morteiros, o que indica a crescente sofisticação de suas táticas.
As mudanças encontram tradução numérica em termos de vítimas do lado americano. As duas últimas semanas estão entre as que produziram mais soldados mortos. Em novembro, até ontem, 41 militares dos EUA haviam perdido a vida no Iraque. Das 401 baixas em toda a campanha iraquiana, 262 haviam ocorrido após 1º de maio, data em que o presidente George W. Bush anunciou o fim das principais operações de combate.
O mais dramático é que não parece haver perspectivas de a situação melhorar a curto prazo ou mesmo a médio. Em princípio, a guerrilha contra as forças de ocupação pode ser mantida por anos. Já há na mídia dos EUA quem compare o Iraque ao Vietnã. A própria Casa Branca dá indícios de que vá proceder a grandes mudanças na administração iraquiana. Eleições poderão ocorrer no próximo semestre, e não só depois de promulgada uma nova Constituição.
Bush, que disputa seu segundo mandato no ano que vem, enfrenta uma curiosa inversão. Há poucos meses, ele contava com o sucesso na guerra ao terrorismo para fazer frente ao que se afigurava como um desempenho econômico fraco. Agora, com a economia dando sinais de recuperação, o "staff" de Bush teme que o Iraque atrapalhe a reeleição.


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