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São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2003

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CARLOS HEITOR CONY

Lixo eletrônico

RIO DE JANEIRO - Como sempre, a culpa deve ser minha. Mal e porcamente assumi o computador, um 386 da idade da pedra da informática, evoluí penosamente para notebooks que me pareciam mais sofisticados do que os arranjos do Wagner Tiso para as músicas do Ary Barroso.
Cheguei (também como sempre) a uma mediocridade operacional que dá para me manter naquilo que costumam chamar de "mercado". Já me ensinaram como evitar o excesso de mensagens indesejadas, mesmo assim sobra um lixo eletrônico, sobretudo nos dias de folga da secretária, quando sou comunicado de shows que não me interessam e de viagens que não pretendo fazer.
De tempos para cá, não há dia em que não apareçam uns cinco ou seis processos infalíveis para aumentar, engrossar ou tornar mais eficiente o pênis dos usuários. Pomadas, pílulas, injeções, próteses e até mesmo rezas e mandingas usadas nas ilhas Papuas e em outros lugares exóticos, onde os nativos são famosos pelo equipamento de que são dotados.
Se alguém adotasse qualquer desses métodos, precisaria de um carrinho de mão para transportar seu aparelho reprodutor, que ganharia dimensões tais que seria impossível levá-lo por aí, nos aviões, nas igrejas, nas casas de família que ainda frequenta e até mesmo nas casas ditas de tolerância, onde poderia causar mais pasmo do que admiração.
Creio que já reclamei dos bonequinhos e das bicicletinhas que invadem o texto que estou lendo ou escrevendo. Com a proximidade do Natal, que a cada ano chega mais cedo, já neste início de novembro surgem uns papais-noéis abomináveis. acompanhados daquela musiquinha à base de sininhos.
Não sei qual foi o problema desta manhã, o fato é que, ao abrir a telinha, encontrei um desses bons velhinhos tomando viagra genérico e usando um sistema malaio para sua eficiência sexual. Como dizia Machado de Assis, tudo é possível.


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