São Paulo, quarta-feira, 15 de dezembro de 2004 |
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FERNANDO RODRIGUES Desimportâncias
BRASÍLIA - PMDB e PPS decidiram oficialmente guardar distância de
Lula e do governo. O efeito prático é
pequeno no curto prazo. A fisiologia
diária e miúda incumbe-se de dar ao
Planalto a maioria dos votos desses
partidos no Congresso.
A conseqüência maior virá, em tese,
em 2006. Em tese porque PMDB e
PPS precisam lançar candidatos
competitivos contra Lula na sucessão
presidencial. Sem nomes de destaque,
o vexame é inevitável.
O PMDB teve dois candidatos a
presidente até hoje. Ulysses Guimarães (1989) e Orestes Quércia (1994).
Suas votações foram 4,14% e 4,38%,
respectivamente. Quércia e o PMDB
foram humilhados ao registrar menos votos que o nanico Enéas.
O PPS também depende de celebridades. Era um nada derivado de um
erro histórico stalinista, o antigo
PCB, até encontrar Ciro Gomes em
1998 e 2002, cujas votações para presidente foram de 10,97% e 11,97% dos
votos válidos. Mais da metade dos
deputados do PPS está na sigla por
causa de Ciro Gomes, e não por acreditar no programa da agremiação.
Em resumo, PMDB e PPS só atrapalharão a vida de Lula em duas circunstâncias: 1) com candidato próprio competitivo para disputar a Presidência em 2006 ou 2) aliando-se a
uma sigla de oposição que tenha esse
nome competitivo.
Menos do que isso, serão duas siglas
zumbis sem chance de ascender ao
poder. É verdade que alguns integrantes de PMDB e PPS desejam de
fato perseguir um caminho de independência. São minoria. No fim da
história, essa onda de rompimento
choca mais pela desimportância dos
partidos envolvidos do que pelos efeitos que possa vir a causar. |
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