São Paulo, quarta-feira, 15 de dezembro de 2004 |
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CARLOS HEITOR CONY Os pinheiros de Roma
RIO DE JANEIRO - Leitores me perguntam o que eu penso sobre a abertura dos arquivos secretos ou sigilosos do Estado. Sou a favor da abertura,
de todas as aberturas e de nenhuma
fechadura, a não ser a própria, aquela que botamos nas portas e que fecha e dura.
O acesso aos papéis higienicamente
guardados pelos sucessivos governos
servirão aos historiadores e a um ou
outro interessado pessoal. Quando
abriram os habeas-data nos Dops da
vida, o que apareceu de besteira não
foi mole. Um amigo ficou sabendo
que havia deflorado a própria mãe. O
agente que registrou o grave e assombroso incidente usou o verbo "deflorar", que significa tirar a virgindade de uma mulher.
No caso dos arquivos, por motivos
legais e afetivos, é urgente e necessário saber o destino dos mortos e desaparecidos, por que, quando e como
morreram ou desapareceram. É uma
crueldade do Estado manter esse sigilo. Já bastam os ossos de Dana de Teffé, que ninguém até hoje sabe onde
estão. Um país decente não pode
guardar sua história nos porões de
qualquer Estado ou de qualquer regime. Quem faz a nação é o povo, e não
o Estado, muito menos o regime. |
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