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Parcerias nos serviços de saúde
JOÃO PAULO CAMPI
A gestão estadual dos serviços hospitalares em São Paulo é motivo
de orgulho, não de preocupação
A ASSISTÊNCIA à saúde de qualidade voltada aos usuários do
SUS paulista tem sido a meta
da secretaria na condução de sua rede
de hospitais. Foi com esse objetivo
que o governo paulista estabeleceu,
nos últimos dez anos, parcerias para o
gerenciamento de 22 hospitais sob o
bem-sucedido modelo de OSs (Organizações Sociais).
Críticos do sistema adotado em São
Paulo, apesar dos 95% de aprovação
dos pacientes e da alta performance
gerencial reiteradamente comprovada pelos mais diversos estudos, inclusive do Banco Mundial, invariavelmente costumam citar a malfadada
experiência do PAS para alertar contra supostos "riscos" de ausência de
qualidade e controle, como no artigo
"Terceirização de laboratórios na
saúde pública" ("Tendências/Debates", 21/ 12).
Tais comparações, quase sempre,
são feitas de modo a confundir a população, citando a redução de custos
como meta única da Secretaria de Estado da Saúde, o que definitivamente
não corresponde à realidade. Não parece razoável que, após uma década
de bons resultados, o modelo paulista
de OSs, fundamentado em parcerias
com entidades de renome e credibilidade no setor da saúde, continue a receber críticas baseadas em argumentos tão rasos e sem cabimento.
No caso do referido artigo, é no mínimo curioso que um dos autores, que
agora faz questão de ressaltar a importância da administração direta do
laboratório do Instituto de Infectologia Emílio Ribas como referência nacional para diagnóstico de doenças
infecciosas, tenha há cerca de um ano
assinado documentos em que criticava suposta "baixa confiabilidade" e
"equipamentos recorrentemente
quebrados" da mesma unidade.
Desde 2005, a secretaria vem estendendo as parcerias com entidades
do terceiro setor da área hospitalar
para a área laboratorial, por meio de
centros estaduais de análises clínicas
(Ceacs), não apenas com o objetivo
(legítimo, por sinal) de otimizar recursos mas, principalmente, para agilizar o resultado dos exames de patologia clínica, bem como ofertar maior
quantidade de métodos diagnósticos
aos hospitais estaduais de administração direta, promovendo um verdadeiro salto de qualidade no setor.
É importante ressaltar que o modelo de OSs na área de laboratório atende apenas e tão-somente os exames
não urgentes de rotina, de pacientes
internados ou em tratamento ambulatorial. Todos os hospitais da secretaria continuam realizando os mais
diversos tipos de análises para o setor
de pronto-socorro e internação.
Os exames de urgência demoravam
cerca de uma semana, em média, para
ficar prontos nos laboratórios gerenciados pelos próprios hospitais. Com
o novo sistema, o prazo máximo, firmado por contrato com a entidade
parceira, é de três dias. E o médico
tem acesso a um número muito maior
de exames com resultado pela internet. Como nas modernas unidades de
saúde privadas do país.
Sob o ponto de vista da economia
do dinheiro público, um levantamento com base em dados de quatro hospitais da zona norte de São Paulo
(Taipas, Vila Penteado, Vila Nova Cachoeirinha e Mandaqui), cujos exames passam a ser realizados por um
Ceac, apontou que o custo médio por
análise com o novo sistema caiu de R$
5,65 para R$ 2,94, ou seja, 45%.
Significa dizer que o modelo proposto pela secretaria é, de fato, mais
eficiente, ágil, barato e, mais importante, na linha do procedimento adotado pelos mais modernos hospitais
da rede privada de saúde. É importante destacar que os médicos dos hospitais atendidos pelos Ceacs têm reiteradamente elogiado o novo sistema.
O Emílio Ribas continuará realizando, em parceria com o Instituto
Adolfo Lutz, os exames específicos
para diagnóstico e controle de doenças do sistema de vigilância epidemiológica do SUS/SP. Só as análises
de rotina serão feitas externamente.
No sistema de parcerias, os exames
de laboratório realizados pelos Ceacs
terão os mesmos critérios de metas,
quantitativas e qualitativas, aplicados
na gestão de hospitais por OSs, com
absoluto controle e fiscalização por
parte da secretaria.
Não se trata exatamente de algo novo, mas, sim, da ampliação de um conceito que já comprovou sua eficiência
e virou exemplo para outros Estados,
municípios e para o próprio governo
federal, que pretende implantar modelo similar em hospitais da União.
A gestão estadual dos serviços hospitalares em São Paulo é motivo de
orgulho, não de preocupação. Se há
mecanismos disponíveis para aprimorá-la, assim o faremos, gradativa e
constantemente, sempre em benefício da população usuária da rede pública em todo o Estado.
JOÃO PAULO CAMPI, médico, é coordenador de Gestão
de Contratos da Secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
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