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ELIANE CANTANHÊDE
"Melhor candidato"
BRASÍLIA - Apesar de estar sendo muito questionada dentro e fora do
Congresso, a pesquisa CNT-Sensus já
produz grandes efeitos políticos. Um
deles é sobre o PMDB, principal alvo
da cobiça do PSDB e muito especialmente de Lula.
A pesquisa conseguiu, inclusive,
que os peemedebistas Renan Calheiros (governista) e Geddel Vieira Lima
(oposicionista) voltassem a conversar. Eles não se falavam desde o ano
passado, quando Renan e Sarney blefaram, fingindo apoiar a candidatura de Michel Temer para a presidência da Câmara, quando na verdade
já tinham acertado com Lula o apoio
a Aldo Rebelo (PC do B).
Como política é política, poder é poder e ninguém é de ferro, as duas alas
estão conversando sobre o que interessa: quem é melhor candidato próprio para o PMDB. O detalhe é que,
nesse caso, "melhor candidato" não
é, como nos demais partidos, o que
tenha capacidade de vencer. É, ao
contrário, aquele que não vença e seja capaz de segurar o partido com o
falso discurso da unidade e ser facilmente cristianizado (abandonado)
na hora certa: quando a eleição embicar efetivamente para um favorito,
seja Lula, seja um tucano.
Numa coisa os dois lados do PMDB
concordam: essa hora será lá por junho, quando os palanques nos Estados estarão claros, as pesquisas já estiverem mais consolidadas, o efeito
dos candidatos alternativos (Heloísa
Helena, Cristovam Buarque e Roberto Freire) já for sensível.
Até lá, a disputa está entre Garotinho e Germano Rigotto. Tudo o que
Lula não quer é Garotinho, que está
em terceiro lugar nas pesquisas (quase empatado com Alckmin no segundo, se ele for o candidato tucano), e
teria oito minutos diários na TV para
espicaçar o governo com aquela sua
conhecida intimidade com o vídeo. Já
Rigotto tenderia a tirar voto dos tucanos, de tão parecido com eles.
É isso o que os oposicionistas começam a descobrir: trocar Garotinho
por Rigotto é fazer o jogo de Lula. E
ele já está com a bola toda.
@ - elianec@uol.com.br
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