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NELSON MOTTA
A caixa mágica
RIO DE JANEIRO - Uma modesta
contribuição à campanha pela democratização da mídia dominada
pelas elites econômicas. Trata-se de
um assombroso aparelho, uma pequena caixa com uma telinha capaz
de conter filmes, livros e discos do
mundo inteiro e de se comunicar
instantaneamente com qualquer
outra caixa do planeta.
Uma invenção prodigiosa que
certamente ainda não é do conhecimento desses companheiros progressistas, mas é o mais importante
instrumento da efetiva democratização da informação.
Graças à ela, nunca na história da
humanidade as comunicações foram mais democráticas. Bem, na
Coréia do Norte, no Irã e em Cuba,
há controvérsias. Mas com certeza
nunca tantos tiveram acesso a tanta
gente e a tanta informação e entretenimento, de graça ou gastando
quase nada. Jornais, revistas, TVs e
rádios estão nas caixas, mas elas
não estão neles, certo?
Então não há nada mais importante para a democratização da informação do que oferecer, a preço
de banana, acesso público, geral e
irrestrito às tais caixas mágicas que
os novos democratizadores da mídia parecem ignorar. Mas, com os
juros e os impostos que o Estado cobra, os que mais precisam são excluídos. Apesar de "inclusão digital"
parecer trocadilho do "Casseta e
Planeta", fora dela não há democratização possível.
Chávez torrou milhões na rede
Telesur para dar aos hermanos a visão bolivariana dos fatos, da história e da arte. Mas os hermanos ignoraram, continuam loucos pelas novelas da Globo e da Televisa. E pelos
seriados americanos. Democratização zero. Melhor seria ter espalhado milhões de caixas mágicas pelo
continente e dado acesso a todos
para que escolhessem como e com
quem querem se informar e se divertir. Não basta dar o peixe, é preciso ensinar a navegar.
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