São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

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NELSON MOTTA

A caixa mágica

RIO DE JANEIRO - Uma modesta contribuição à campanha pela democratização da mídia dominada pelas elites econômicas. Trata-se de um assombroso aparelho, uma pequena caixa com uma telinha capaz de conter filmes, livros e discos do mundo inteiro e de se comunicar instantaneamente com qualquer outra caixa do planeta.
Uma invenção prodigiosa que certamente ainda não é do conhecimento desses companheiros progressistas, mas é o mais importante instrumento da efetiva democratização da informação.
Graças à ela, nunca na história da humanidade as comunicações foram mais democráticas. Bem, na Coréia do Norte, no Irã e em Cuba, há controvérsias. Mas com certeza nunca tantos tiveram acesso a tanta gente e a tanta informação e entretenimento, de graça ou gastando quase nada. Jornais, revistas, TVs e rádios estão nas caixas, mas elas não estão neles, certo?
Então não há nada mais importante para a democratização da informação do que oferecer, a preço de banana, acesso público, geral e irrestrito às tais caixas mágicas que os novos democratizadores da mídia parecem ignorar. Mas, com os juros e os impostos que o Estado cobra, os que mais precisam são excluídos. Apesar de "inclusão digital" parecer trocadilho do "Casseta e Planeta", fora dela não há democratização possível.
Chávez torrou milhões na rede Telesur para dar aos hermanos a visão bolivariana dos fatos, da história e da arte. Mas os hermanos ignoraram, continuam loucos pelas novelas da Globo e da Televisa. E pelos seriados americanos. Democratização zero. Melhor seria ter espalhado milhões de caixas mágicas pelo continente e dado acesso a todos para que escolhessem como e com quem querem se informar e se divertir. Não basta dar o peixe, é preciso ensinar a navegar.


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