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São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Fisiologismo em atraso

BRASÍLIA - A semana parlamentar termina hoje. O feriado começa só na sexta-feira, mas nenhum congressista é de ferro. A pauta continua trancada na Câmara. Há várias medidas provisórias com prazo vencido.
Sem votar essas MPs, nada anda. Nem as reformas cujo texto o presidente Lula está para anunciar.
É evidente que as MPs serão votadas. Só que já é possível sentir um rumor desagradável para o governo em meio aos deputados não-ideológicos -a imensa maioria.
Reclamam de pedidos não atendidos nos ministérios. Querem liberação de verbas para obras em suas regiões. Quase nada aparece nas cidades. Há também dezenas, centenas de cargos de terceiro escalão a serem preenchidos. O ritmo é lento. Se os deputados estivessem alegres e satisfeitos, a tramitação das MPs seria certamente mais acelerada.
Um exemplo da má vontade da base governista não-ideológica podia ser verificado ontem no início da noite. Uma das MPs em pauta modificava alguns artigos do novo Código Civil, recém-colocado em vigor.
Deputados faziam corpo mole. Alegavam ser impróprio mudar o Código Civil por meio de MP. Têm razão, os deputados. Exceto que esse tipo de anomalia tem sido a regra, não a exceção no Congresso.
Algo está fora do lugar. Deputados que não sabem dizer se são de centro, de direita ou de esquerda começam a usar argumentos éticos para não votar uma MP. Estranho.
Para o bem ou para o mal, o fisiologismo pequeno do dia-a-dia ainda não entrou em velocidade de cruzeiro no governo Lula.
Não que haja pudor em liberar a verba de uma emenda parlamentar. Até porque não é algo ilegal. O que vigora é a inexperiência dos petistas no comando dessa área sensível do governo. Tudo será azeitado para o dia em que as reformas constitucionais forem apresentadas. De outra forma, Lula terá de operar o milagre de fazer deputados e senadores votarem apenas pelo bem do Brasil.


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