São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Moinhos de vento ou impostos exorbitantes?
JORGE BORNHAUSEN
Sim, porque os aumentos de tributos que a todo momento (na verdade, começou antes da posse, aumentando o Imposto de Renda, a Cide e a CSLL) o governo do PT vem promovendo representam a maior guerra tributária já deflagrada no país, em todos os tempos. A sequência de batalhas promovidas pelo governo do PT aproveita qualquer pretexto. Como foi o caso surrealista da votação pela Câmara de uma medida provisória sobre o Refis, programa de renegociação de dívidas com o Tesouro. Inopinadamente, o governo utilizou-a para incluir emenda que aumenta em 167% a CSLL paga pelas empresas de serviços e que vai atingir diretamente, por um lado, centenas de milhares de profissionais que bancam suas próprias atividades, como médicos, artistas de TV, jornalistas, advogados, e, por outro lado, o público em geral, pelo encarecimento dos serviços que utilizam. Evidentemente, os 167% de aumento serão repassados aos consumidores. Nessa mesma operação foi acrescentado o aumento do Cofins, de 3% para 4%, cobrado dos conglomerados financeiros. Surpreendentemente, bancos e instituições congêneres não reclamaram do absurdo, pois não o terão de pagar. Esse tributo é cobrado dos clientes e vai onerar as operações bancárias em geral -e, naturalmente, pesará mais sobre os que menos podem pagar. Enquanto essa onda de aumentos de tributos, já aprovada pela Câmara, contra o voto dos deputados do PFL, não é votada pelo Senado, surge outra. Já foi oficializado o anúncio de outra má intenção do governo do PT: o Imposto de Renda passará a ter uma alíquota de 35%. Mais aumento de impostos. Ou serão moinhos de vento? Não. Embora mantenhamos a disposição de combater os abusos do governo com a pureza de intenções de Dom Quixote, infelizmente, para todos nós, impostos não são moinhos. Na verdade, se for o caso de usar uma figura para facilitar sua compreensão, os aumentos de impostos são diques, obstáculos sem nenhuma poesia ou aparência lúdica, que barram as expectativas de desenvolvimento, desestimulando investimentos, alimentando o desemprego e provocando o aumento de preços. Quando observamos o panorama das controvérsias e conflitos que hoje opõem a sociedade ao governo, desde a ação do MST, que nada tem com a reforma agrária e se transformou em processo de provocação, aos problemas dos aposentados e aos abusos do serviço público, com a criação de ministérios apenas para dar emprego a políticos derrotados, não temos a menor dúvida de que a fúria arrecadatória de impostos justifica nossa cruzada. Jorge Bornhausen, 65, senador pelo PFL-SC, é o presidente nacional do partido. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Roberto Giannetti da Fonseca: O fracasso do sucesso Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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