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DROGAS NA UNIVERSIDADE
Para muita gente, universitários passam boa parte de sua vida acadêmica em festas regadas a
cerveja e, muitas vezes, também a
drogas. Essa imagem é evidentemente uma caricatura, reforçada ainda por dezenas de maus filmes de
Hollywood. Para além das distorções, porém, toda caricatura conserva alguns elementos de realidade.
No caso dos universitários, pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos
de Álcool e Drogas (Grea) do Hospital das Clínicas, com 2.837 alunos de
graduação da USP, mostra que o
grupo de fato bebe mais e consome
mais drogas do que a população em
geral. Um exemplo: 35,3% dos estudantes da USP já experimentaram
maconha contra uma taxa de 6,9%
da população geral (esse último dado consta de uma outra sondagem
realizada pela Unifesp em 2002).
O levantamento do Grea revela que
91,9% dos alunos da USP já experimentaram bebidas alcoólicas; 70,4%
o fizeram nos 30 dias anteriores à entrevista. O álcool é de longe o psicotrópico mais utilizado. Em seguida
vem o tabaco (20,2% nos últimos 30
dias), acompanhado bem de perto
pela maconha (16,9). No final da lista
estão inalantes (6,5%), anfetaminas/ecstasy (3,4%), tranquilizantes
(2,3%) e cocaína (1,2%).
O resultado geral mostra uma certa
estabilidade no consumo em relação
ao estudo anterior -com a mesma
população- feito em 1996. Está aí
uma boa notícia, pois muitos especialistas esperavam aumento na utilização das drogas. Para algumas
substâncias, houve discreta redução.
De todo modo, os números podem
ser considerados altos, o que já justifica a adoção de políticas de prevenção baseadas no conceito de redução
de danos. Com efeito, não é o caso de
trabalhar para que o consumo de álcool chegue a zero. Essa é uma meta
irrealista e há dúvidas até de que seja
desejável. O ponto central é convencer o jovem de que, se ele for beber ou
drogar-se, precisa fazê-lo de modo a
evitar consequências mais graves,
como acidentes automobilísticos ou
sexo sem proteção -sem mencionar os riscos da dependência e da
marginalização. Obter isso já seria
uma grande conquista. Dissipar
energias e recursos para tentar evitar
o inevitável não parece correto.
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