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São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2003

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DROGAS NA UNIVERSIDADE

Para muita gente, universitários passam boa parte de sua vida acadêmica em festas regadas a cerveja e, muitas vezes, também a drogas. Essa imagem é evidentemente uma caricatura, reforçada ainda por dezenas de maus filmes de Hollywood. Para além das distorções, porém, toda caricatura conserva alguns elementos de realidade.
No caso dos universitários, pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos de Álcool e Drogas (Grea) do Hospital das Clínicas, com 2.837 alunos de graduação da USP, mostra que o grupo de fato bebe mais e consome mais drogas do que a população em geral. Um exemplo: 35,3% dos estudantes da USP já experimentaram maconha contra uma taxa de 6,9% da população geral (esse último dado consta de uma outra sondagem realizada pela Unifesp em 2002).
O levantamento do Grea revela que 91,9% dos alunos da USP já experimentaram bebidas alcoólicas; 70,4% o fizeram nos 30 dias anteriores à entrevista. O álcool é de longe o psicotrópico mais utilizado. Em seguida vem o tabaco (20,2% nos últimos 30 dias), acompanhado bem de perto pela maconha (16,9). No final da lista estão inalantes (6,5%), anfetaminas/ecstasy (3,4%), tranquilizantes (2,3%) e cocaína (1,2%).
O resultado geral mostra uma certa estabilidade no consumo em relação ao estudo anterior -com a mesma população- feito em 1996. Está aí uma boa notícia, pois muitos especialistas esperavam aumento na utilização das drogas. Para algumas substâncias, houve discreta redução.
De todo modo, os números podem ser considerados altos, o que já justifica a adoção de políticas de prevenção baseadas no conceito de redução de danos. Com efeito, não é o caso de trabalhar para que o consumo de álcool chegue a zero. Essa é uma meta irrealista e há dúvidas até de que seja desejável. O ponto central é convencer o jovem de que, se ele for beber ou drogar-se, precisa fazê-lo de modo a evitar consequências mais graves, como acidentes automobilísticos ou sexo sem proteção -sem mencionar os riscos da dependência e da marginalização. Obter isso já seria uma grande conquista. Dissipar energias e recursos para tentar evitar o inevitável não parece correto.


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