São Paulo, sábado, 16 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRIME EDUCACIONAL

É um equívoco o projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados que torna obrigatória para escolas da rede pública e privada a oferta do idioma espanhol como disciplina optativa no horário regular das aulas. Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vetar a medida, ela se converterá em lei.
Ninguém duvida de que a língua espanhola esteja entre as mais belas e úteis do mundo. Obras capitais da literatura universal, como "Dom Quixote", foram escritas no idioma de Castela, que é hoje falado por mais de 250 milhões de pessoas.
O problema do projeto está no que ele não diz. Existe a possibilidade nada remota de que o avanço do espanhol se dê em detrimento do ensino do inglês, o que seria indesejável. Atualmente, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) fixa, para o ciclo médio, o ensino, em caráter obrigatório, de uma língua estrangeira moderna a ser definida pela comunidade escolar. Prevê também a inclusão de um segundo idioma estrangeiro, em caráter optativo, se as instituições tiverem recursos para tanto.
O risco que se corre é o de que muitas escolas adotem o espanhol como língua obrigatória, abandonando o hoje dominante inglês. Assim, satisfariam a lei sem precisar aplicar fundos na criação de uma estrutura para ministrar o segundo idioma.
E o inglês, gostemos ou não, é a língua mais importante do mundo. O idioma de Shakespeare é hoje o que o latim foi durante a idade média, o principal veículo de comunicação entre falantes dos mais diversos vernáculos. Praticamente todos os grandes negócios e comunicações científicas são feitos nessa língua. Privar os brasileiros do acesso a essa ferramenta de inserção global é um verdadeiro crime educacional.
O mais desalentador é que todos os sinais são de que o governo federal apóia essa insanidade.


Texto Anterior: Editoriais: OS 15 ANOS DO ECA
Próximo Texto: Editoriais: VANDALISMO E DESPREPARO

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.