São Paulo, quarta-feira, 16 de agosto de 2006 |
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FERNANDO RODRIGUES Continuísmo BRASÍLIA - Lula tem chance de
vencer no primeiro turno. Pesquisas preliminares indicam que 17 governadores podem ser reeleitos.
Outros quatro candidatos favoritos
nos Estados representam os grupos
que já estão no poder.
Tudo somado, em 2007, o Brasil
pode ter um presidente da República e 21 governadores repetindo as
atuais políticas públicas.
Esse cenário não é, por óbvio,
imutável até o dia 1º de outubro.
Ainda assim há um fato a ser registrado sobre o atual estágio eleitoral:
desde o retorno do país à democracia pós-ditadura militar nunca houve no ar uma tendência tão grande à
manutenção no poder daqueles que
já estão no comando.
Só para comparar, 21 dos 27 governadores tentaram se reeleger
em 1998 -a primeira vez que essa
possibilidade foi aberta aos políticos. Era o auge dos efeitos eleitorais
do Plano Real. A maioria era governista, e só 14 tiveram sucesso. Em
2002, quatro anos depois, foram 14
tentativas de reeleição e apenas nove se deram bem.
Agora, o número pode ser maior.
Se o eleitor assim desejar no dia do
pleito, será um recorde de "mais do
mesmo" para os brasileiros a partir
do próximo ano.
Esse fenômeno ainda está para
ser mais bem explicado e compreendido no caso se tornar uma
realidade. Há algumas pistas. Uma
merece destaque.
O estado de calmaria na economia é inédito. Estamos em agosto e
não se tem notícia de pessoas indo
ao banco para sacar reais e trocá-los
por dólar. Em momentos de pasmaceira, a tendência do eleitorado é se
acomodar. Por inércia, deixa tudo
como está.
Com todos caminhando para a
reeleição, é difícil acreditar que sejam verdadeiras as juras sobre reformas em 2007. Se estão ganhando, para que mudar?
Essa é a lógica e o maior perigo no
ano que vem.
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