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São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2003

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CRISE PERMANENTE

A expressão "crise na Febem" já há muito perdeu o sentido para designar o que se passa na instituição paulista encarregada de zelar por menores. O termo "crise" costuma assinalar uma manifestação repentina de ruptura de equilíbrio. No caso da Febem paulista, o desequilíbrio tornou-se a regra há tanto tempo que já não se pode mais falar em ruptura repentina.
O episódio mais recente de barbárie envolve o assassinato de dois jovens na instituição. Ao que tudo indica, os autores da chacina eram colegas das vítimas, mas são fortes as suspeitas de que funcionários tenham sido coniventes com o crime. Segundo depoimentos de menores à polícia, empregados da fundação teriam facilitado a transferência das vítimas para a cela onde foram assassinadas, além de terem fornecido a faca com que foram mortas.
O homicídio ocorreu na unidade de Franco da Rocha, principal alvo de denúncias de maus-tratos e tortura na fundação. Lá, durante uma rebelião no mês passado, foi morto um agente. Desde então, funcionários têm evitado entrar nas alas da unidade, que se tornou terra de ninguém.
É inconcebível que, após dezenas de motins, ainda não se tenha alcançado alguma solução para um local onde se aglomeram centenas de infratores perigosos. Não é preciso muito mais do que bom senso para concluir que é necessário dispersar esse contingente em unidades menores, onde os jovens possam receber tratamento digno e serem minimamente controlados.
Por razões difíceis de identificar, sucessivas autoridades que administraram a Febem revelaram-se incapazes de resolver seus problemas, apesar de eles serem conhecidos e renitentes. Já passa da hora de romper esse ciclo de imobilismo.


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