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CRISE PERMANENTE
A expressão "crise na Febem"
já há muito perdeu o sentido
para designar o que se passa na instituição paulista encarregada de zelar
por menores. O termo "crise" costuma assinalar uma manifestação repentina de ruptura de equilíbrio. No
caso da Febem paulista, o desequilíbrio tornou-se a regra há tanto tempo que já não se pode mais falar em
ruptura repentina.
O episódio mais recente de barbárie envolve o assassinato de dois jovens na instituição. Ao que tudo indica, os autores da chacina eram colegas das vítimas, mas são fortes as
suspeitas de que funcionários tenham sido coniventes com o crime.
Segundo depoimentos de menores à
polícia, empregados da fundação teriam facilitado a transferência das vítimas para a cela onde foram assassinadas, além de terem fornecido a faca com que foram mortas.
O homicídio ocorreu na unidade de
Franco da Rocha, principal alvo de
denúncias de maus-tratos e tortura
na fundação. Lá, durante uma rebelião no mês passado, foi morto um
agente. Desde então, funcionários
têm evitado entrar nas alas da unidade, que se tornou terra de ninguém.
É inconcebível que, após dezenas
de motins, ainda não se tenha alcançado alguma solução para um local
onde se aglomeram centenas de infratores perigosos. Não é preciso
muito mais do que bom senso para
concluir que é necessário dispersar
esse contingente em unidades menores, onde os jovens possam receber tratamento digno e serem minimamente controlados.
Por razões difíceis de identificar,
sucessivas autoridades que administraram a Febem revelaram-se incapazes de resolver seus problemas, apesar de eles serem conhecidos e renitentes. Já passa da hora de romper
esse ciclo de imobilismo.
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