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CARLOS HEITOR CONY
As grandes vitórias
RIO DE JANEIRO - A parcial vitória do governo na aprovação da reforma
tributária está sendo comparada a
uma dessas conquistas definitivas de
um grupo sobre outro, de um exército
sobre outro. De repente, o Palácio do
Planalto virou um ninho que abriga
os novos Alexandres, os novos Césares, os novos Napoleões: vencem todas ou quase todas.
A queda-de-braço foi realmente
vencida por um dos lados, mas naquela base. Não houve persuasão,
mas pressão, conchavo, fisiologismo.
A maioria dos deputados, na base de
80%, nem sabe exatamente o que foi
votado e aprovado. Foram levados
na enchente das lideranças, dos acordos feitos na pressa do tempo e na penumbra da madrugada. Dora Kramer escreveu, no domingo, que os deputados "nem às paredes confessam
que não tinham a mais pálida idéia a
respeito do que faziam".
Não tenho competência fiscal nem
qualquer outro tipo de competência
para elogiar ou condenar o que resultou da reforma tributária em seu
atual estágio. É evidente que é medida necessária, como outras reformas
que o governo prometeu e vai adiando indefinidamente, como a agrária,
a política e outras.
Peritos em reuniões, assembléias,
esquemas de obter maioria em momentos de votação, os principais líderes do PT revelam-se profissionais no
setor. São e serão capazes de, em quatro, oito ou 200 anos alterar todas as
leis e práticas do país em busca de um
Estado ideal que será sucessivamente
empurrado com a barriga até chegar
à perfeição absoluta.
A mesma perícia que demonstra
em assembléias, conchavos e reuniões salvadoras -herança romântica dos tempos em que era oposição- não se estende ao puro e necessário dever de criar um país desenvolvido. Fazer obras, promover o decantado "espetáculo do crescimento", ficará sempre para mais tarde,
quando a máquina política e administrativa do país atingir a mirabolante perfeição absoluta. E aí nada
mais haverá para fazer.
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