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FERNANDO RODRIGUES
As alavancas do PT
BRASÍLIA - É impossível encontrar um petista pessimista sobre a composição de uma maioria na Câmara, no
caso de uma vitória de Lula.
A soma algébrica das bancadas que
a direção do PT espera ter com facilidade é de 219 deputados. Estão nessa
conta, além dos 91 deputados petistas
eleitos, os seguintes partidos: PC do B,
PDT, PL, PPS, PSB, PMN, PTB e PV.
Seria um bloco fragmentado. Ao todo, nove partidos. Nunca se viu algo
assim nos anos FHC. Algumas siglas
médias ou pequenas preferem atuar
sozinhas. Valorizam assim o escambo na hora das negociações.
A direção do PT acha que será diferente num eventual governo Lula. O
partido chegará ao poder tendo de
preencher mais de 5.000 cargos importantes. A força da caneta no primeiro mês operará milagres.
Com FHC foi diferente. Ao tomar
posse em 1995, o tucano tinha ao seu
lado partidos que já estavam no poder. Lula chegará com uma tropa nova. As siglas pequenas e médias serão
seduzidas pelos cargos -ou, no eufemismo petista, "serão convidadas a
governar junto com o PT".
Se der certo esse bloco de nove partidos, o passo seguinte será perseguir
uma das quatro siglas fernandistas
tradicionais para ajudar no governo
Lula: PFL, PPB, PMDB e PSDB. Só
uma é considerada viável para uma
aliança institucional -o PMDB.
Com o PMDB dando apoio formal,
subiria para 293 o número de cadeiras lulistas na Câmara, pelo menos
em teoria. O PT dependeria ainda de
várias defecções em partidos adjacentes para obter o quórum constitucional de 308 -que, na visão otimista petista, viriam por gravidade.
Essa é a conta petista para as possíveis alavancas de Lula no Congresso.
Pode dar certo. Ou não. O sucesso da
estratégia depende de dois pontos
principais. Primeiro, um loteamento
eficiente de cargos (pelo qual o PT
sentirá como nunca o peso de ser vidraça). Segundo, o estado da economia do país. Se o rumo continuar ladeira abaixo, cargos serão muito
pouco para atrair votos de deputados.
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