São Paulo, sexta, 16 de outubro de 1998

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Máquina de calcular

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - O PMDB, o PPB e o PTB estão assistindo de camarote à briguinha matrimonial do PSDB e do PFL.
O PMDB não integrou formalmente a coligação, mas os três foram parceiros na reeleição de Fernando Henrique Cardoso e terão que providenciar um outro candidato para 2002. Só que sem a força dos aliados principais.
Para quem tinha feito a maior bancada no Senado e na Câmara na eleição passada, o PMDB continua minguando. É verdade que reconquistou agora a liderança no Senado, mas perdeu mais seis deputados e ficou em terceiro lugar na Câmara.
A sorte do PPB está lançada no segundo turno em São Paulo, onde Paulo Maluf mantém o favoritismo. O partido foi o que mais sangrou na Câmara, passando de 77 para 60 deputados. E não foi poupado no Senado, onde perdeu duas cadeiras.
O PTB ficou sem o seu banco de idéias, de verdinhas e de perspectiva presidencial, o Bamerindus. Perdeu também Hélio Garcia, de Minas, que tem até ministro (Paulo Paiva), mas abandonou a disputa para o Senado no meio. Mesmo assim, o partido cresceu de 23 para 31 deputados. Mistério! Ou nem tanto?
O PMDB chegou enfim a uma posição hegemonicamente governista. É difícil arrancar Renan Calheiros (Justiça) e Eliseu Padilha (Transportes) do segundo mandato. Podem trocar de ministérios, não de esplanada.
Mas quem, onde, por que será candidato do PMDB em 2002? E do PPB, mesmo se Maluf ganhar em São Paulo? E do PTB, órfão de José Eduardo Andrade Vieira?
Tudo o que os três partidos poderão fazer a partir de agora é marcar posição nas votações e se esgueirar pelas frestas de poder do PSDB e do PFL.
A linha que separa pefelistas e tucanos é estreita. O PFL tem sete deputados e quatro senadores a mais. Com um estalar de dedos -ou de promessas- o PSDB pode tirar essa diferença. No PTB em especial.
Enquanto a maquininha que soma e diminui bancadas funciona freneticamente, a fidelidade partidária se torna mais urgente. E é justamente quando ela fica mais difícil.



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