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CUSTO EXTRAORDINÁRIO
Foi aprovada anteontem, pelos presidentes do Senado e da
Câmara, a convocação extraordinária das duas Casas durante o período
do recesso parlamentar. A boa notícia é que, ao contrário do que se desenhava há poucos dias, as CPIs dos
Bingos e dos Correios, além do Conselho de Ética da Câmara, vão trabalhar durante o período de 16 de dezembro a 14 de fevereiro.
A má notícia é que a medida deverá
custar caro aos cofres públicos. No
Brasil, deputados e senadores, além
de desfrutarem do recesso de início
de ano, são brindados com 30 dias de
folga em julho. Para quebrar esse
confortável regime, são aquinhoados com mais dois salários.
Somente a remuneração extraordinária dos deputados custará cerca R$
15 milhões. Se houver pagamento de
gratificações aos funcionários das
duas Casas, esse montante será
acrescido de cerca de R$ 35 milhões.
Somados os gastos do Senado, estimam-se despesas de R$ 95 milhões.
Tratando-se de temas tão relevantes para a vida pública nacional, era
de esperar que os congressistas encontrassem uma alternativa menos
custosa. Mas, mesmo que o fizessem, as regras estabelecidas para o
recesso continuariam extravagantes.
A alegação de que os parlamentares
precisam de tanto tempo para estabelecer contatos com suas bases não
se sustenta. Sabe-se que muitos só
trabalham de terça a quinta-feira. O
próprio Conselho de Ética não utilizou os dias que poderia para examinar os processos de cassação.
Nesse quadro, merece apoio a proposta de decreto legislativo encaminhada pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que elimina as remunerações extraordinárias. Aprová-lo seria uma decisão moralizadora, que só melhoraria a imagem do
Congresso Nacional.
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