São Paulo, sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

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ELIANE CANTANHÊDE

O fator Garotinho

BRASÍLIA - As pesquisas Datafolha e CNI-Ibope pegaram Lula de jeito e aumentaram as ambições no PSDB. Ato contínuo, os partidários de Geraldo Alckmin e José Serra, no próprio PSDB, no PFL e até no PMDB, se atiraram à defesa de seu preferido.
Ou seja, quanto mais crescem as chances tucanas, mais os aliados de Alckmin e de Serra se confrontam. Para não dizer, direto, que o confronto é dos dois, homem a homem.
Aos fatos: Serra está consolidando a sensação de que é o adversário ideal para bater Lula e enfrentar os instrumentos inerentes à reeleição. Já Alckmin joga xadrez, colocando peça por peça, pacientemente, com o discurso de que o tempo conta a seu favor: Serra teria batido no teto muito cedo, e ele, pouco conhecido, sem rejeição, teria muito para onde crescer.
Ocorre que os candidatos de todos os partidos nos Estados estão ansiosos e querem respostas já para montar alianças, discurso, palanque. E, hoje, Serra é o candidato que dá mais segurança à oposição.
Um dos seus trunfos, além de já passar Lula no primeiro turno, tanto no Datafolha como no Ibope, é o desempenho do ex-governador Anthony Garotinho, o imprevisível. Ele não tem apoio de nenhum líder expressivo do PMDB -nem da cúpula formal, nem da banda tucana, nem da banda lulista, nem dos governadores, nem de lideranças estaduais, como Quércia. Mas não tem concorrente no partido e está bem na foto.
O divisor de águas é o candidato tucano. Pelo Datafolha, Serra vence Garotinho com 36% a 10%; e Alckmin, com 22% a 14%. Pelo Ibope, Serra tem 37%, e Garotinho, 11%; e Alckmin empata com Garotinho em 20%.
Ou seja: com Alckmin, o risco é a eleição sair do controle e Garotinho surpreender. Com Serra, essa hipótese é menor e deve influenciar os votos tucanos. Mesmo dos não-serristas.
PT e PSDB estão se matando, e ninguém pode descartar um "azarão" -como Quércia em São Paulo e Garotinho na presidencial. Se não for para ganhar, dá para confundir.

@ - elianec@uol.com.br


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