São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 2007

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Chantagem nuclear

A ANÁLISE do acordo assinado nesta semana com a Coréia do Norte, destinado a deter a sua escalada nuclear, dá margem a ceticismo.
Desde que o ditador Kim Jong-il voltou a assustar o mundo ao testar sua primeira bomba atômica em outubro do ano passado, os Estados Unidos e as principais potências asiáticas intensificaram as negociações para frear suas pretensões bélicas.
O acordo ao qual se chegou na terça-feira foi negociado pelas duas Coréias e por Japão, China, EUA e Rússia. Em troca de 50 mil toneladas de petróleo, os norte-coreanos se comprometeram a fechar, em 60 dias, sua principal usina nuclear. Cumprida essa etapa, devem iniciar-se as tratativas para desativar as demais instalações nucleares do país, em troca de mais ajuda (950 mil toneladas de petróleo).
O ceticismo em relação ao pacto se justifica porque credibilidade não é o forte de Kim Jong-il. Em 1994, ele também aceitou congelar seu programa nuclear em troca de ajuda econômica dos Estados Unidos, mas a promessa não durou nem um ano sequer.
O anúncio do entendimento foi recebido foi alvo de críticas no debate internacional. O argumento mais comum é o de que os EUA e as demais potências estariam mais uma vez premiando uma ameaça. No entendimento da Casa Branca, foi o acordo possível que, na pior das hipóteses, ao menos adia o problema.
O ditador norte-coreano já deu inúmeras demonstrações de que não é afeito a respeitar limites. Sua estratégia tem sido a de utilizar a ameaça nuclear como forma de chantagem para obter recursos do Ocidente. Ainda assim, no atual contexto não há melhor alternativa que ceder.


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