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Chantagem nuclear
A ANÁLISE do acordo assinado nesta semana com a
Coréia do Norte, destinado a deter a sua escalada nuclear,
dá margem a ceticismo.
Desde que o ditador Kim Jong-il voltou a assustar o mundo ao
testar sua primeira bomba atômica em outubro do ano passado, os Estados Unidos e as principais potências asiáticas intensificaram as negociações para
frear suas pretensões bélicas.
O acordo ao qual se chegou na
terça-feira foi negociado pelas
duas Coréias e por Japão, China,
EUA e Rússia. Em troca de 50
mil toneladas de petróleo, os
norte-coreanos se comprometeram a fechar, em 60 dias, sua
principal usina nuclear. Cumprida essa etapa, devem iniciar-se
as tratativas para desativar as demais instalações nucleares do
país, em troca de mais ajuda (950
mil toneladas de petróleo).
O ceticismo em relação ao pacto se justifica porque credibilidade não é o forte de Kim Jong-il.
Em 1994, ele também aceitou
congelar seu programa nuclear
em troca de ajuda econômica dos
Estados Unidos, mas a promessa
não durou nem um ano sequer.
O anúncio do entendimento
foi recebido foi alvo de críticas
no debate internacional. O argumento mais comum é o de que os
EUA e as demais potências estariam mais uma vez premiando
uma ameaça. No entendimento
da Casa Branca, foi o acordo possível que, na pior das hipóteses,
ao menos adia o problema.
O ditador norte-coreano já deu
inúmeras demonstrações de que
não é afeito a respeitar limites.
Sua estratégia tem sido a de utilizar a ameaça nuclear como forma de chantagem para obter recursos do Ocidente. Ainda assim,
no atual contexto não há melhor
alternativa que ceder.
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