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NORMAS OBSOLETAS
Para acalmar os prefeitos, insatisfeitos com a suspensão de
obras previstas em emendas orçamentárias, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva afirmou-lhes que a Caixa Econômica Federal (CEF) vai emprestar R$ 1,4 bilhão para obras de
saneamento com recursos do FGTS.
Entretanto o anúncio só deixará de
ser promessa se a Fazenda alterar regras do Conselho Monetário Nacional que, a fim de limitar o endividamento de Estados e municípios, acabam por impedi-los de contratar empréstimos com bancos públicos.
As normas foram adotadas como
parte do esforço de ajuste fiscal iniciado em 1998. Naquele ano, a CEF
emprestou R$ 1,1 bilhão a prefeituras
e governos estaduais para obras de
saneamento. No ano passado, só
concessionárias privadas conseguiram captar dinheiro.
Nesse período, a política que impõe a produção de superávits se
manteve, mas a situação das cidades
passou por mudanças que não podem ser ignoradas. A Lei de Responsabilidade Fiscal, sancionada há dois
anos, induziu Estados e municípios
a uma administração mais saudável
de suas finanças.
Os governos estaduais e municipais que têm condições de contrair
novas dívidas e honrá-las não podem
ser punidos por regras que nivelam a
todos como maus pagadores. É injusto e pouco racional que, no marco
dos consecutivos acordos com o
FMI, gastos com investimentos em
serviços, capazes de trazer benefícios
para a produção e para os cidadãos,
sejam igualados a despesas de custeio, cuja redução depende principalmente de conter desperdícios.
O R$ 1,4 bilhão mencionado pelo
presidente é muito pouco diante das
necessidades do Brasil em saneamento. Os cálculos mais modestos
estimam que os recursos anuais necessários para superar em dez anos o
déficit nessa área equivalem a US$
2,5 bilhões. Sempre é possível contar
com investimentos privados, mas é
irrealista supor que eles poderão suprir a imensa carência do país.
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