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VINICIUS TORRES FREIRE
Terrorismo no Brasil
SÃO PAULO - O atentado mortal contra o juiz Antonio José Machado
Dias foi um ato de terrorismo. Por
mais que se associe o terrorismo aos
atos de uma facção política (uma
ação tendo em vista o enfraquecimento ou a tomada do poder constituído), é difícil negar que se tornam
cada vez mais imprecisas palavras
como terror, guerra civil e guerra.
O que se passa na Colômbia? Uma
guerra civil entre facções guerrilheiras e o Estado, movida também à base de ações terroristas, alimentada
pela rede internacional do crime.
Ainda artesanal, o terrorismo do crime brasileiro visa a desmoralizar e a
minar o poder de polícia do Estado e
o seu papel de garantidor de direitos
constitucionais.
O objetivo do crime terrorista é institucionalizar o domínio sobre territórios, anular ou enfraquecer decisões judiciais, capturar e colocar sob
seu comando setores do Estado. Tudo
isso parece pomposo para descrever
as ações da rede mambembe do crime? Pois então que se sublinhe o que
policiais, promotores, juízes e deputados honestos vêm descobrindo pelo
menos desde a CPI do Narcotráfico.
Personagens como o "comendador"
Arcanjo, Leo, Curica, Beira-Mar e
outros codinomes vulgares criam
bancadas parlamentares, corrompem juízes, montam redes de negócios para apagar a origem do seu dinheiro, comerciam e traficam com
redes internacionais de contrabando
de drogas e armas, articulam o sistema de fraude do sistema financeiro e
do fisco. Matam, sequestram, corrompem parte da polícia e da advocacia, anulam decisões judiciais comandando o terror e o crime de dentro de prisões, estabelecem territórios
livres da lei nacional.
O atentado contra o juiz Machado
Dias vem se somar a outros atos de
terror, como os bondes da morte no
Rio e as rebeliões em prisões paulistas. Paliativos e forças-tarefa de improviso não vão dar conta do problema. É preciso criar já um comando
federal, na liderança de um conselho
de autoridades estaduais, para desarticular o comando do crime.
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