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VALDO CRUZ
Sem frituras
BRASÍLIA - Assessores de Luiz Inácio Lula da Silva, aqueles que são mais
próximos, garantem: não está nos
planos do presidente demitir o ministro José Graziano, responsável pelo
programa Fome Zero.
Segundo esses interlocutores, o estilo de governar de Lula não será o
mesmo do presidente Fernando Henrique Cardoso. O tucano adorava
uma fritura pública, deixava seu ministro se desgastar até pedir o boné.
O petista, ao contrário, gosta de
conversas francas. Chama o auxiliar
que não está funcionando bem, reclama diretamente, mas busca uma
solução conjunta.
Seria assim apenas com os amigos,
já que ele e Graziano se conhecem de
longa data? Não, diz um auxiliar. E
cita o caso do ministro Anderson
Adauto (Transportes).
Ele foi dado como demitido, as
pressões para que Lula o tirassem do
cargo foram grandes, mas Adauto
continua no governo.
Na ocasião, Lula chamou-o para
uma conversa franca. Ficou convencido de que o ministro estava limpo e
tratou de acertar planos de trabalho
com o ministro dos Transportes.
Lula teria, segundo seus assessores,
uma forma de agir pró-ativa. Não seria nem contemplativo nem inerte,
aguardando o problema crescer para
mudar tudo. Prefere corrigir rumos
com as próprias pessoas.
O estilo Lula tem suas virtudes, não
há como negar. Demitir alguém na
primeira dificuldade é deslealdade.
Mas, como presidente, faz parte de
sua função demitir aqueles que se
mostrarem ineficientes.
E, na área social, até agora, a imagem é de uma grande ineficiência,
exatamente onde o PT deveria dar
um show de bola. Apesar disso, Graziano permanece ministro.
Ele pode dar a volta por cima. Lula
tem trabalhado para isso. Está pedindo ajuda de outros ministros para
salvar seu velho amigo.
Mas é notório que Graziano pode
até ser um bom elaborador -dizem
que é-, mas falha como executor.
Vem aí uma intervenção branca.
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