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São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2003

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VALDO CRUZ

Sem frituras

BRASÍLIA - Assessores de Luiz Inácio Lula da Silva, aqueles que são mais próximos, garantem: não está nos planos do presidente demitir o ministro José Graziano, responsável pelo programa Fome Zero.
Segundo esses interlocutores, o estilo de governar de Lula não será o mesmo do presidente Fernando Henrique Cardoso. O tucano adorava uma fritura pública, deixava seu ministro se desgastar até pedir o boné.
O petista, ao contrário, gosta de conversas francas. Chama o auxiliar que não está funcionando bem, reclama diretamente, mas busca uma solução conjunta.
Seria assim apenas com os amigos, já que ele e Graziano se conhecem de longa data? Não, diz um auxiliar. E cita o caso do ministro Anderson Adauto (Transportes).
Ele foi dado como demitido, as pressões para que Lula o tirassem do cargo foram grandes, mas Adauto continua no governo.
Na ocasião, Lula chamou-o para uma conversa franca. Ficou convencido de que o ministro estava limpo e tratou de acertar planos de trabalho com o ministro dos Transportes.
Lula teria, segundo seus assessores, uma forma de agir pró-ativa. Não seria nem contemplativo nem inerte, aguardando o problema crescer para mudar tudo. Prefere corrigir rumos com as próprias pessoas.
O estilo Lula tem suas virtudes, não há como negar. Demitir alguém na primeira dificuldade é deslealdade. Mas, como presidente, faz parte de sua função demitir aqueles que se mostrarem ineficientes.
E, na área social, até agora, a imagem é de uma grande ineficiência, exatamente onde o PT deveria dar um show de bola. Apesar disso, Graziano permanece ministro.
Ele pode dar a volta por cima. Lula tem trabalhado para isso. Está pedindo ajuda de outros ministros para salvar seu velho amigo.
Mas é notório que Graziano pode até ser um bom elaborador -dizem que é-, mas falha como executor. Vem aí uma intervenção branca.


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