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CLÓVIS ROSSI
O frescor dos vereadores
SÃO PAULO - O frescor deve ter sido o fator preponderante para que a Câmara Municipal de São Paulo obtivesse uma boa avaliação em pesquisa do Datafolha, publicada ontem.
Duplo frescor, aliás. Primeiro, o fato de que a atual legislatura começou
faz três meses e meio, pouco tempo,
portanto, para incorrer em um desgaste acentuado.
Segundo, o fato de que houve uma
importante renovação de quadros na
eleição do ano passado, com a derrota de alguns vereadores (nem todos, é
verdade) que se transformaram em
uma espécie de símbolos da podridão
que tomou conta da cidade.
Ou, posto de outra maneira, o público paulistano ainda vive uma certa lua-de-mel com seus vereadores
depois de um período crítico de desmoralização.
Quanto tempo vai durar a lua-de-mel depende unicamente do comportamento dos vereadores. Imagino
que a paciência do eleitorado não deva ser lá muito grande, porque os desmandos administrativos foram tantos e de duração tão longa que não
há mesmo muito estômago para suportar inação ou novos desmandos.
De todo modo, os vereadores deram
um primeiro passo fundamental na
direção de preservar a relativa simpatia do público ao derrubar votações secretas.
Advogados, juristas e especialistas
em regimento interno de Legislativos
podem quebrar a cabeça e jamais encontrarão um único argumento realmente convincente para justificar o
voto secreto nessa instância. Afinal, o
vereador não é o dono do cargo, mas
apenas o representante da parcela
que o elegeu.
Esta tem, por extensão, o direito de
saber se o representante exerce a representação de acordo com a vontade do representado.
O ideal, aliás, seria que a Câmara
Municipal paulistana, desta vez, servisse de exemplo para que todos os
Legislativos também derrubassem
votações secretas.
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