São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLÓVIS ROSSI

O frescor dos vereadores

SÃO PAULO - O frescor deve ter sido o fator preponderante para que a Câmara Municipal de São Paulo obtivesse uma boa avaliação em pesquisa do Datafolha, publicada ontem.
Duplo frescor, aliás. Primeiro, o fato de que a atual legislatura começou faz três meses e meio, pouco tempo, portanto, para incorrer em um desgaste acentuado.
Segundo, o fato de que houve uma importante renovação de quadros na eleição do ano passado, com a derrota de alguns vereadores (nem todos, é verdade) que se transformaram em uma espécie de símbolos da podridão que tomou conta da cidade.
Ou, posto de outra maneira, o público paulistano ainda vive uma certa lua-de-mel com seus vereadores depois de um período crítico de desmoralização.
Quanto tempo vai durar a lua-de-mel depende unicamente do comportamento dos vereadores. Imagino que a paciência do eleitorado não deva ser lá muito grande, porque os desmandos administrativos foram tantos e de duração tão longa que não há mesmo muito estômago para suportar inação ou novos desmandos.
De todo modo, os vereadores deram um primeiro passo fundamental na direção de preservar a relativa simpatia do público ao derrubar votações secretas.
Advogados, juristas e especialistas em regimento interno de Legislativos podem quebrar a cabeça e jamais encontrarão um único argumento realmente convincente para justificar o voto secreto nessa instância. Afinal, o vereador não é o dono do cargo, mas apenas o representante da parcela que o elegeu.
Esta tem, por extensão, o direito de saber se o representante exerce a representação de acordo com a vontade do representado.
O ideal, aliás, seria que a Câmara Municipal paulistana, desta vez, servisse de exemplo para que todos os Legislativos também derrubassem votações secretas.


Texto Anterior: Editoriais: LOTAÇÃO EM SÃO PAULO

Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Não me deixem só!
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.