São Paulo, sábado, 17 de abril de 2004

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ONU NO IRAQUE

O agravamento da situação no Iraque deixa o presidente dos EUA, George W. Bush, com poucas opções. Não é surpreendente, portanto, que a Casa Branca agora sinalize que poderá aceitar a proposta das Nações Unidas para a transferência de poder aos iraquianos.
Pelo plano, elaborado pelo enviado especial da ONU ao Iraque, Lakhdar Brahimi, o Conselho de Governo Iraquiano (cujos membros foram indicados pelos EUA) seria dissolvido e, em seu lugar, o organismo internacional apontaria um governo provisório. Essa parece ser uma das poucas opções viáveis para possibilitar que a transferência da soberania aos iraquianos se dê na data estipulada de 30 de junho, algo que Bush insiste em manter até por razões eleitorais.
O maior envolvimento da ONU no Iraque é uma exigência da comunidade internacional, tanto de países que apoiaram a aventura norte-americana como dos que se opuseram a ela. Logo depois da deposição de Saddam Hussein, contudo, os EUA negaram às Nações Unidas um papel de relevo no Iraque. O máximo que admitiam é que a organização coordenasse a ajuda humanitária ao país.
A situação agora evidentemente é outra. Bush teme que os insucessos no Iraque possam afetar sua campanha à reeleição. As últimas semanas, marcadas por intensos conflitos, que custaram a vida a dezenas de soldados norte-americanos e mostraram que os EUA não são exatamente senhores da situação, já fizeram com que Bush perdesse a liderança nas pesquisas de intenção de voto. Embora o eleitor norte-americano tenda a votar de olho principalmente na economia, é certo que o Iraque permanece um terreno capaz de produzir prejuízos para Bush. Daí que agora pareça disposto a aceitar a solução proposta pela ONU, a qual ele tachou de "irrelevante" no pré-guerra.
Bush criou a guerra do Iraque e deve ser considerado responsável pelos seus resultados. Isso não isenta a ONU de ajudar os iraquianos a encontrar seu próprio caminho.


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