São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 2002

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MARCELO BERABA

O teste da Bené

RIO DE JANEIRO - O crime desorganizado está testando o governo Benedita da Silva (PT), no Rio. Ontem, dois postos de policiamento em favelas foram atacados, até mesmo com granadas, e seus sentinelas acuados. Na noite de terça, aconteceu o caso mais ousado, quando um pequeno bando metralhou o prédio onde funcionam a Secretaria de Direitos Humanos e o Departamento do Sistema Penitenciário.
Esses desafios não são novidades. Já aconteceram, em escalas diferentes, dezenas de vezes. Os governos costumam interpretá-los como atos de desespero dos bandidos. No caso do Rio, os ataques seriam uma reação às ações bem-sucedidas da polícia nos últimos 40 dias. Será?
O mais provável é que estejam apenas testando os limites e pontos fracos da política de segurança do novo governo.
Houve uma mudança evidente nos discursos e na posição da cúpula da polícia depois que Benedita assumiu. O que os bandidos parecem querer saber é se esse novo governo é frouxo e até onde podem ir.
O desmantelamento de uma grande quadrilha do narcotráfico, a do Uê, e a prisão de um traficante muito procurado, Celsinho da Vila Vintém, mostram a disposição do governo. Mas esses êxitos não afetaram o tráfico a ponto de o desespero provocar ações espetaculares.
Mais do que essas prisões, importantes, a novidade na polícia do Rio parece ser a disposição de trabalhar com a Polícia Federal e a Guarda Municipal. A cúpula anterior tinha um discurso de prepotência que isolou a polícia. Ela brigou com a PF, com a Guarda Municipal, com o governo de São Paulo e, na prisão de Fernandinho Beira-Mar, até com o Itamaraty e o governo da Colômbia.
Benedita está sendo desafiada a mostrar que a nova posição de trabalho integrado e o discurso contido não são sinais de fraqueza, ao contrário. Para isso, terá de provar a eficácia da sua política de segurança.



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