|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
De alegria, governos e mercados
SÃO PAULO - Estava pronto para
falar de Dunga, para dizer que o
que me incomoda nele não são os
jogadores que levou ou deixou de
levar, a maneira de jogar do time
brasileiro e coisas que tais. O que
me incomoda é que ele é triste.
Sob esse aspecto, não é brasileiro, se por brasileiro se tomar o estereótipo do "povo alegre".
É tudo o que Dunga não é. Ao
contrário, é chato. Tem tudo, portanto, para ser campeão de uma Copa de futebol triste, em que a única
seleção até agora alegre foi a alemã,
que os torcedores brasileiros sempre achávamos ter a cintura dura.
Mas vou deixar o Dunga em paz
para chamar a atenção para mais
lances da guerra governos x mercados. Guerra que, em tese, pode moldar um pouco o futuro do planeta,
com inevitáveis repercussões até
na terra de Dunga e de Lula.
Primeiro lance: o presidente Barack Obama exige que a BP pague
pelo estrago feito no golfo do México. Justo, muito justo, mas no jornal-porta-voz dos mercados, o
"Wall Street Journal", Holman Jenkins Jr. já saiu ao ataque para dizer
que é melhorar deixar que a BP faça
bons negócios, para poder reinvestir. Quem paga, então, os prejuízos
causados pelo "negócio"?
Segundo lance: George Osborne,
responsável pelo Tesouro britânico, está avisando os bancos de que
eles, como a BP, terão que pagar pelos danos que provocaram na economia britânica durante a crise que
ainda está em andamento.
Osborne, adicionalmente, reitera que quer taxar os bancos, intenção também anunciada pelo governo da Alemanha, embora apenas a
partir de 2013.
Tanto na Alemanha como no Reino Unido, o governo é uma coligação conservadores/liberais, com
predominância conservadora. Bichos de uma raça avessa a bulir
com os mercados.
Mas, se o futebol alemão virou
alegre, e o brasileiro está triste, tudo pode acontecer no mundo.
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: Direitos dos passageiros
Próximo Texto: Brasília - Valdo Cruz: Limonada eleitoral Índice
|