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O que fazer?
CLÓVIS ROSSI
São Paulo - O título pode ser leninista, mas é apenas decorrência do fato
de que a tal reforma ministerial não
permite adivinhar o que será o governo Fernando Henrique Cardoso, versão bis.
Claro que seria ideal que o presidente fizesse o que disse pretender, ao
anunciar ontem o novo ministério: desenvolvimento com estabilidade e responsabilidade fiscal.
É o mundo ideal, mas a palavra do
presidente já não basta, nem remotamente, para convencer o público de
que o estancamento econômico atual,
de que deriva um agravamento das já
insuportáveis condições sociais do
país, será superado graças à troca de
meia dúzia de nomes no primeiro escalão.
Qual é o projeto que a nova equipe
vai seguir? O da estabilidade a qualquer preço, regra de ouro do primeiro
mandato? Não basta. Já não serve
nem mesmo para sustentar o prestígio
popular do presidente, como provam
todas as pesquisas recentes.
O do desenvolvimento? Não é com
um nome como o de Clóvis Carvalho
que se aponta nessa direção. Basta
lembrar que Carvalho passou quatro
anos, seis meses e 16 dias na Casa Civil e dele não se conhece uma só idéia
relevante, projeto significativo ou coisa que o valha.
É apenas um burocrata, sem nenhum preconceito contra os da espécie. Eles são necessários, mas cada
qual em seu galho. Hoje, mais necessário do que nunca é alguém que ponha alguma esperança no horizonte
de uma população levada a um ceticismo que, justificadamente, se encaminha para o cinismo.
A única vantagem, se é que se pode
dizer assim, da nova equipe é que ela
tem uma feição mais "fernandista"
do que nunca. Ou seja, não vai dar
para dizer, amanhã ou depois, que
não deu certo por culpa de quem quer
que seja. O único culpado será o próprio presidente.
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