São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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O que fazer?

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - O título pode ser leninista, mas é apenas decorrência do fato de que a tal reforma ministerial não permite adivinhar o que será o governo Fernando Henrique Cardoso, versão bis.
Claro que seria ideal que o presidente fizesse o que disse pretender, ao anunciar ontem o novo ministério: desenvolvimento com estabilidade e responsabilidade fiscal.
É o mundo ideal, mas a palavra do presidente já não basta, nem remotamente, para convencer o público de que o estancamento econômico atual, de que deriva um agravamento das já insuportáveis condições sociais do país, será superado graças à troca de meia dúzia de nomes no primeiro escalão.
Qual é o projeto que a nova equipe vai seguir? O da estabilidade a qualquer preço, regra de ouro do primeiro mandato? Não basta. Já não serve nem mesmo para sustentar o prestígio popular do presidente, como provam todas as pesquisas recentes.
O do desenvolvimento? Não é com um nome como o de Clóvis Carvalho que se aponta nessa direção. Basta lembrar que Carvalho passou quatro anos, seis meses e 16 dias na Casa Civil e dele não se conhece uma só idéia relevante, projeto significativo ou coisa que o valha.
É apenas um burocrata, sem nenhum preconceito contra os da espécie. Eles são necessários, mas cada qual em seu galho. Hoje, mais necessário do que nunca é alguém que ponha alguma esperança no horizonte de uma população levada a um ceticismo que, justificadamente, se encaminha para o cinismo.
A única vantagem, se é que se pode dizer assim, da nova equipe é que ela tem uma feição mais "fernandista" do que nunca. Ou seja, não vai dar para dizer, amanhã ou depois, que não deu certo por culpa de quem quer que seja. O único culpado será o próprio presidente.



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