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ELIANE CANTANHÊDE
O colóquio
BRASÍLIA - O PSDB, de oposição, e o PPS, governista, têm tudo a ver. Pelo
menos na defesa das reformas do Estado que o PDT continua condenando e que PT, PSB e PC do B condenaram tão azedamente no passado e
hoje aprovam no Congresso.
É por isso que PPS e PSDB vão promover o 1º Colóquio entre Socialistas
e Social-democratas, dia 31, no Rio,
com políticos, intelectuais em geral e
economistas em particular. Gente de
vários partidos, inclusive do PT, e
-claro- dissidentes petistas não-radicais, como Luiza Erundina,
Eduardo Jorge e Fernando Gabeira.
No governo FHC, o PPS era de oposição, mas colaborava. No governo
Lula, o partido é situação, mas marca posição crítica e de independência.
Como compara o deputado Raul
Jungmann (PPS-PE), o PPS é "aliancista e reformista", enquanto o PT é
"isolacionista e se apresentava como
revolucionário". Está na hora de buscar convergências com o PSDB para
discutir uma nova agenda para o
país, pautada em crescimento, emprego e desenvolvimento sustentável.
Duas circunstâncias ajudam, segundo Jungmann: 1) o governo acabou de enterrar, com o seu pragmatismo, a "característica teológica do
PT do bem contra o mal", 2) a completa ausência de agenda para o país
passadas as votações das reformas da
Previdência, tributária e, depois, a
política e a do Judiciário.
A escolha de um ano não-eleitoral
não foi por acaso, mas José Aníbal,
presidente do PSDB, não descarta
que a "afinidade clara" entre os dois
partidos possa "pavimentar caminhos" em 2004 e no futuro.
Quem está tiririca é o ministro Ciro
Gomes, que foi do PSDB, concorreu a
presidente pelo PPS e vive às turras
com Roberto Freire e Jungmann, dois
legítimos representantes do velho
partidão, que deu origem ao PPS.
Mas isso é um detalhe. O fundamental é que o colóquio PSDB-PPS é
uma forma de reagir à tendência do
PT de se colocar como o único partido puro e de esquerda da face da Terra. "Partido que ficar derivado ou
apêndice do PT vai desaparecer",
prevê Jungmann.
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