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OPERAÇÃO DIAMANTE
Não é novidade que o crime organizado mantenha em sua
folha de pagamentos um sem-número de autoridades públicas. A capacidade de corromper em larga escala é uma das características que
distingue as modernas redes de tráfico de entorpecentes. Mesmo ciente
disso, é difícil deixar de surpreender-se com o grau de contaminação do
Estado pela criminalidade.
A exemplo do que ocorrera com a
CPI do Narcotráfico, os resultados
da investigação cognominada Operação Diamante mostram que são
muitas e profundas as ligações do
crime organizado com policiais, políticos e até magistrados.
Depois de três anos de investigações sigilosas, revelou-se que um
bando de traficantes havia conseguido estabelecer, com a participação de
membros do Poder Judiciário, uma
indústria de habeas corpus. Membros da quadrilha que fossem presos
eram rapidamente libertados e podiam voltar às suas atividades delituosas. Pelo que apontam as investigações, estariam envolvidos nesse
esquema dois desembargadores federais e até um ministro do Superior
Tribunal de Justiça, além de um conhecido deputado federal.
O fenômeno da corrupção de autoridades públicas por redes criminosas não é uma exclusividade do Brasil. Onde quer que existam bandidos
poderosos e Estado, haverá um ou
outro caso de contaminação. A sensação que fica, porém, é a de que, no
Brasil, o grau de deterioração excedeu já há muito os limites do que seria tolerável.
Não se trata aqui de criar novas leis
para combater o crime organizado e
a corrupção de autoridades. Tais
normas já existem. O que é preciso
fazer é pô-las a funcionar, mostrando que a impunidade não é uma certeza. Investigações como a Operação
Diamante, bem conduzidas e que
reúnem provas contundentes, precisam multiplicar-se. O país não pode
admitir que alguns maus funcionários públicos sigam desmoralizando
as mais altas funções de Estado.
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