BRASÍLIA - São reveladores os comentários privados de dentro do Palácio do Planalto a respeito do caso Santo André. Demonstram como o PT vive num certo mundo da Lua quando enfrenta adversidades.
Alguns petistas de altíssimo escalão repetem para si próprios uma versão estapafúrdia como se fosse um mantra do auto-engano. Para eles, não há indicações de que o empresário Sérgio Gomes da Silva possa ter sido o mandante do crime que resultou na morte de Celso Daniel.
A avaliação corrente é que o Ministério Público também estaria convencido de que Sérgio Gomes da Silva seria inocente, mas teria pedido a prisão do empresário como forma de fazer uma violenta pressão psicológica. Nessa circunstância, o preso poderia revelar algum esquema de propinas em Santo André.
A mídia teria sido convencida a promover um processo de demonização de Sérgio Gomes da Silva ao popularizar o apelido "Sombra". Mais dia menos dia, segundo raciocínio (sic) de petistas palacianos, o empresário preso pode se descontrolar -contando então como seria o tal propinoduto no ABC paulista.
O realismo fantástico dos petistas indica que os verdadeiros mandantes da morte de Celso Daniel teriam sido integrantes de quadrilhas especializadas em roubo de cargas. Há até nomes -só prenomes- que circulam dentro do Palácio do Planalto, mas é melhor omiti-los em respeito à inteligência dos leitores.
Essa história toda é contada com convicção religiosa. Pior do que isso, existe uma crença quase infantil de que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, seja um dos grandes arquitetos desse plano maléfico contra o PT no caso Santo André.
Para finalizar, uma cafajestice. Ao contar a versão na qual dizem acreditar, palacianos não se furtam em propagar ataques à honra de jornalistas e promotores. Para quem criticava os métodos baixos do governo FHC, o PT aprendeu rapidamente o caminho do esgoto.


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