São Paulo, quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

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ATENÇÃO À DENGUE

À exceção de 2002, quando houve uma epidemia concentrada no Rio de Janeiro, o número de mortos por dengue em 2005 foi o maior já verificado no país desde 1986. Em relação ao ano anterior, registrou-se um aumento de 81% no total de casos notificados.
Em geral, a dengue não oferece grande perigo. Seus sintomas tendem a regredir em até uma semana. Por vezes, contudo, a doença desencadeia uma síndrome de febre hemorrágica, a chamada dengue hemorrágica (DH), que pode ser fatal.
A chance de desenvolver DH aumenta quando alguém que já teve dengue é reinfectado por vírus de subtipo diferente. A cada surto, a DH tende a crescer mais que a dengue comum. De janeiro a outubro de 2005, com 184 mil casos de dengue notificados no país, ocorreram 43 óbitos. Já em 1986, com 183,7 mil registros da doença, houve uma morte.
O Norte e o Nordeste concentraram 68% dos casos de dengue até outubro de 2005. Não por acaso, essas duas regiões apresentam os piores índices de saneamento básico. Em 2004, 27,5% dos domicílios do Nordeste possuíam rede de esgoto. No Norte, essa taxa cai para 4%.
A universalização desse serviço parece ainda muito distante no Brasil, dado o baixíssimo ritmo de sua implantação. Em 1991, 35,3% das residências brasileiras eram conectadas à rede de esgoto; 13 anos depois, essa taxa (48%) não atingia metade dos domicílios. O quadro, pois, continua favorável a doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue.
Expandir com mais velocidade o saneamento depende de muito investimento público, o que só será possibilitado mediante cortes de despesas em outros setores da administração. Enquanto isso, para combater a dengue é preciso que as prefeituras intensifiquem a pulverização, a limpeza urbana e a visita a domicílios. A população também precisa ser instruída a cooperar, modificando hábitos que facilitam a proliferação de focos do mosquito.


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