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ELIANE CANTANHÊDE
Ouvido de mercador
BRASÍLIA - Ao acordar na quinta-feira, de ressaca pela fragorosa derrota nas eleições no Congresso, a primeira coisa que ACM leu nos jornais
foi o fortalecimento de José Serra na
disputa presidencial e a iminência da
eleição de Jutahy Magalhães Jr. como
líder do PSDB na Câmara.
Jutahy é inimigo de ACM na Bahia
e tido como "serrista". Por dupla tabela, enfrentaria resistência de Tasso
Jereissati, aliado de ACM e adversário de Serra na sucessão presidencial.
ACM deduziu que Serra está retirando todos os espaços de Tasso no
PSDB e que a escolha de Jutahy era
um ataque direto a ele. Algo como
chutar cachorro morto, apesar de se
sentir muito vivo.
Foi o estopim. Enlouquecido, ACM
comparou FHC a Jader Barbalho na
ótima entrevista à Folha publicada
sexta-feira. Para quem não lembra,
ele chama Jader de "ladrão". Logo...
É grave. Mas o melhor para FHC é
tapar nariz e boca e não dar ouvidos.
Porque ACM está perdendo seus outros superpoderes e tenta se agarrar a
um: a reverberação na imprensa.
ACM tinha a presidência do Senado, que passou na quarta-feira para
o arquiinimigo Jader Barbalho.
ACM tinha um grupo político forte
e unido como um monobloco na Bahia, mas, vira e mexe, um cai fora.
ACM mandava e desmandava no
PFL, mas Marco Maciel e sobretudo
Jorge Bornhausen andam promovendo muitos jantares sem ele.
ACM não sabe ser contrariado, mas
os candidatos mais fortes às lideranças partidárias na Câmara são seus
piores inimigos baianos.
Assim, tudo o que ele precisa, neste
momento, é de um bom bate-boca
com o presidente da República.
Se FHC responder às provocações,
manterá ACM na ribalta. Se mantiver o sangue de barata, a tendência é
ACM recuar lentamente da primeira
página para as páginas internas, dos
altos para os pés de página.
A não ser que ele prove que Jader e
FHC "são as mesmas pessoas". Não
há um só ser vivo no governo e no
Congresso que acredite nisso. Muito
menos em provas.
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