São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES O jovem no mercado de trabalho
GUILHERME AFIF DOMINGOS
O instrumento legal já existe. O aprendizado previsto na Constituição de 1988 só foi regulamentado em dezembro de 2001, 13 anos depois. É a lei 10.097, que muito poucos conhecem e pela qual muitos jovens brasileiros serão beneficiados. Essa lei inovadora permite que o adolescente, a partir dos 14 anos, possa, devidamente acompanhado por uma entidade assistencial certificadora de cursos profissionalizantes, trabalhar pelo período máximo de dois anos como aprendiz de um Programa de Convivência e Aprendizado no Trabalho. Pela lei 10.097, o adolescente terá jornada máxima de seis horas diárias (duas de aula teórica e quatro de aula prática), familiarizando-se com a rotina do trabalho dentro de uma empresa. Ele aprende teoria na entidade educacional e recebe remuneração compatível com a sua condição de aprendiz, devidamente registrada em carteira, com o recolhimento dos encargos previdenciários. O período do aprendizado conta no seu tempo de serviço. O desafio é a mobilização dos empreendedores para essa grande missão social. Para isso a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo e a Associação Comercial de São Paulo se aliaram à Rede Brasileira de Entidades Assistenciais Filantrópicas em torno do movimento Degrau, que visa integrar as redes do segundo e do terceiro setores em favor do Programa de Convivência e Aprendizado no Trabalho. Os resultados já estão começando a surgir. Fizemos uma parceria com o Ministério do Trabalho, com o Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e com a Associação Brasileira de Recursos Humanos. Sem nenhum subsídio público, o Degrau espera introduzir 120 mil adolescentes no mercado de trabalho ainda este ano, apenas no Estado de São Paulo. É a forma prática de conciliar austeridade fiscal com ação social. Os empresários socialmente conscientes e os que não querem ser advertidos pelos fiscais do Ministério do Trabalho encontrarão orientações sobre como implementar a lei 10.097 no site. Cumprir a lei 10.097 não é obrigatório para as pequenas empresas e nem deveria ser. Mas todas as empresas do país têm o dever de orientar pelo menos um jovem e introduzi-lo no mundo do trabalho. Sozinho, o governo não pode resolver o problema. A sociedade pode. Guilherme Afif Domingos, 59, é presidente da Indiana Seguros S.A. e presidente emérito da Confederação das Associações Comerciais do Brasil. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES João Sayad: As finanças de São Paulo Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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