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AS BRAVATAS DE BRIZOLA
Leonel Brizola, candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, começa a preocupar
até mesmo o PT, que já teme veladamente os efeitos eleitorais da incontinência verbal e dos surtos nacionalistas do líder pedetista. Há mesmo
boas razões para se preocupar com
Brizola -e não apenas dentro do PT.
Em seu último arroubo inconsequente, Brizola defendeu a "retomada" da Vale do Rio Doce e qualificou
o processo de privatização de "grande roubalheira". Não apresentou
provas e foi além. Depois de defender uma auditoria em todas as empresas privatizadas, disse que, mesmo não havendo indícios de irregularidades no processo, será procurada
alguma brecha jurídica para retomar
o controle de qualquer empresa considerada estratégica. "O Estado vai
ter que buscar seus caminhos para
anular", argumentou.
Condenável em qualquer circunstância, a bravata parece ainda mais
absurda, do ponto de vista da oposição, quando Lula e a direção do PT
fazem um esforço para conter os radicais do partido e compor uma coalizão de centro-esquerda capaz de
viabilizá-los eleitoralmente.
É difícil entender o que pretende
Brizola com essa agitação leviana e
que despreza contratos sem apontar
provas que os desabonem. Tal atitude, no entanto, não é inédita na sua
biografia tumultuada. Seus pendores
populistas e seu radicalismo inconsequente colaboraram para enfraquecer e isolar o governo João Goulart, deposto pelos militares em 64.
No fim do remoto ano de 63, numa
entrevista bombástica, Brizola dizia:
"Nós queremos lutar, nós estamos
preparados, e este será o começo da
luta revolucionária pela libertação
nacional". O país amargou um penoso regime autoritário durante duas
décadas, democratizou-se e desde
então vem procurando amadurecer
politicamente. Brizola e seu caudilhismo boquirroto, no entanto, parecem ter sido congelados no tempo.
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