São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

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ELIANE CANTANHÊDE

FHC entra em campanha

BRASÍLIA - A dois meses e meio da eleição, FHC começa a descer a rampa do Planalto e a subir a do palanque do candidato tucano, José Serra. Levando, evidentemente, o governo.
"O grande cabo eleitoral serei eu... e a Rita [Camata"", disse Serra ontem, depois de se reunir com aliados para discutir o que fazer diante do crescimento de Ciro Gomes.
Apesar disso, o grande eleitor será outro: FHC. Ele já trabalha 24 horas por dia a favor do seu candidato. Agora, se prepara para a propaganda gratuita do rádio e da televisão. E convocou sua assessoria para discutir até onde ir sem ser acusado de agir de forma antiética e ilegítima na campanha. Ele quer ir ao limite.
Exemplo: até aqui, Serra esgoelava-se pedindo a queda dos juros básicos da economia e criticando os aumentos de gasolina e de gás determinados pela Petrobras em pleno ano eleitoral. Agora, FHC não só ouve como faz o governo também ouvir.
Nem todos no governo gostam de Serra, às vezes até muito pelo contrário. Mas o que passa a vigorar é a voz de comando do chefe. Algo como "ganhar ou ganhar". O divisor de águas foi a queda de meio ponto na taxa de juros (para 18%). Será mesmo que foi completamente por acaso? Serra jura que sim, mas elogiou.
Se FHC e o governo estão subindo no palanque, nem por isso a contrapartida de Serra será elogiar tudo o que o governo fez, faz ou fará até dezembro. A decisão é manter o discurso: Serra elogiará tudo o que FHC tem de bom e tudo o que o governo fez, faz e fará de bom, mas não defenderá o que considere indefensável.
Dirá que FHC tem enormes qualidades, mas não que ele é decidido, firme feito uma rocha, por exemplo. Elogiará a estabilidade, as políticas sociais, os investimentos estratégicos, mas sem dizer que a política econômica foi uma maravilha.
Havia FHC, o presidente, e Serra, o candidato. A partir de agora, a simbiose entre os dois será cada vez mais evidente. Na contabilidade serrista, o governo tem de 25% a 30% do eleitorado. E o governo é FHC, não Serra.


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