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ELIANE CANTANHÊDE
FHC entra em campanha
BRASÍLIA - A dois meses e meio da eleição, FHC começa a descer a rampa do Planalto e a subir a do palanque do candidato tucano, José Serra.
Levando, evidentemente, o governo.
"O grande cabo eleitoral serei eu... e
a Rita [Camata"", disse Serra ontem,
depois de se reunir com aliados para
discutir o que fazer diante do crescimento de Ciro Gomes.
Apesar disso, o grande eleitor será
outro: FHC. Ele já trabalha 24 horas
por dia a favor do seu candidato.
Agora, se prepara para a propaganda
gratuita do rádio e da televisão. E
convocou sua assessoria para discutir
até onde ir sem ser acusado de agir de
forma antiética e ilegítima na campanha. Ele quer ir ao limite.
Exemplo: até aqui, Serra esgoelava-se pedindo a queda dos juros básicos
da economia e criticando os aumentos de gasolina e de gás determinados
pela Petrobras em pleno ano eleitoral. Agora, FHC não só ouve como faz
o governo também ouvir.
Nem todos no governo gostam de
Serra, às vezes até muito pelo contrário. Mas o que passa a vigorar é a voz
de comando do chefe. Algo como "ganhar ou ganhar". O divisor de águas
foi a queda de meio ponto na taxa de
juros (para 18%). Será mesmo que foi
completamente por acaso? Serra jura
que sim, mas elogiou.
Se FHC e o governo estão subindo
no palanque, nem por isso a contrapartida de Serra será elogiar tudo o
que o governo fez, faz ou fará até dezembro. A decisão é manter o discurso: Serra elogiará tudo o que FHC
tem de bom e tudo o que o governo
fez, faz e fará de bom, mas não defenderá o que considere indefensável.
Dirá que FHC tem enormes qualidades, mas não que ele é decidido,
firme feito uma rocha, por exemplo.
Elogiará a estabilidade, as políticas
sociais, os investimentos estratégicos,
mas sem dizer que a política econômica foi uma maravilha.
Havia FHC, o presidente, e Serra, o
candidato. A partir de agora, a simbiose entre os dois será cada vez mais
evidente. Na contabilidade serrista, o
governo tem de 25% a 30% do eleitorado. E o governo é FHC, não Serra.
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