São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENDÊNCIAS/DEBATES A saúde que anda para a frente
MAURO RICARDO COSTA e JARBAS BARBOSA DA SILVA JR.
Diferentemente do que pensa o autor do artigo, as evidências não apontam para surgimento de epidemias de febre amarela. Vacinamos, nos últimos quatro anos, mais de 60 milhões de pessoas. Em 2002 registramos a ocorrência de apenas sete casos da febre amarela silvestre, que não é erradicável, e nenhum surto. A febre amarela urbana está erradicada no Brasil desde 1942. Nos últimos anos, o governo federal tem investido cada vez mais no combate à dengue. De 1996 até agora, os recursos federais destinados às ações de combate à dengue totalizam cerca de R$ 2,5 bilhões. Em 2002, será batido o recorde de recursos aplicados no combate à doença. A previsão é chegarmos ao final do ano com R$ 668,7 milhões aplicados no combate à dengue. Neste mês serão anunciadas medidas para evitar a ocorrência de grande número de casos da doença no próximo verão, período de maior reprodução e proliferação do mosquito que transmite a dengue. Há outras vitórias importantes, como contra o sarampo, doença responsável por cerca de 900 mil mortes anuais de crianças em todo o mundo. O último registro de caso no Brasil ocorreu em novembro de 2000, evidenciando a interrupção da circulação do vírus selvagem da doença no país. Portanto estamos a caminho da erradicação do sarampo. Outras doenças imunopreveníveis também tiveram redução no Brasil, por intermédio das ações da Funasa (Fundação Nacional de Saúde). A coqueluche, por exemplo, que acometeu 5.388 crianças no ano de 1993, teve 1.177 registros em 1999 e, em 2001, foram 445 casos - uma redução de 62% em relação ao ano anterior. A difteria, que teve registro de 4.646 casos em 1980, foi reduzida para 19 casos em 2001; o tétano acidental, que na década de 90 vitimou, em média, 1.087 pessoas por ano, caiu para 525 casos, em 2000, e 366, em 2001. Em relação ao saneamento, registramos que apenas no biênio 2001/2002, com o Projeto Alvorada, o governo federal, por intermédio da Funasa, está aplicando R$ 2,7 bilhões em ações de construção e ampliação de sistemas de abastecimento de água, de esgotos e de melhorias sanitárias. Esses recursos são destinados a municípios das áreas de risco de esquistossomose, cólera e outras doenças diarréicas, bem como de alta taxa de mortalidade infantil. Os resultados aqui apresentados só foram possíveis porque existe um esforço governamental nunca feito anteriormente, em nosso país, para a prevenção e o controle de doenças, exatamente ao contrário do que afirma o dr. Caio Rosenthal. Como pode ser observado, apesar de grandes desafios ainda existentes, a saúde tem andado para a frente. O que, infelizmente, ainda anda para trás no Brasil são "análises" embasadas por preconceitos e posições políticas, que ignoram completa e deliberadamente todos os dados e as evidências técnicas, não servindo sequer como uma crítica fundamentada que possa ajudar a aperfeiçoar as ações de saúde. Mauro Ricardo Machado Costa, 40, administrador de empresas, é presidente da Funasa. Jarbas Barbosa da Silva Jr., 45, médico epidemiologista, é diretor do Centro Nacional de Epidemiologia, da Funasa. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Joaquim Falcão: Democracia, atentados e imigração Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
|