São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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INVESTIMENTO GLOBAL

Um conjunto de fatores associados -desaceleração da economia mundial, atentados terroristas, fraudes corporativas e crescente aversão ao risco- resultou na queda do fluxo de investimento estrangeiro direto em todo o mundo. De acordo com o World Investment Report 2002, elaborado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o volume total de investimento estrangeiro direto caiu de US$ 1,5 trilhão em 2000 para US$ 735 bilhões no ano passado.
O declínio foi mais acentuado nos países desenvolvidos. Com a contração econômica na Alemanha, nos EUA e no Japão, o investimento estrangeiro direto diminuiu 59% nos países industrializados. Nos países em desenvolvimento, a queda foi menor, apenas 14%. O investimento estrangeiro direto representou o único componente positivo no fluxo de capitais privados para os países emergentes. A região latino-americana apresentou a segunda queda consecutiva, com o fraco desempenho da economia brasileira e o agravamento da crise econômica e política na Argentina e na Venezuela.
O relatório enfatizou também o papel das corporações transnacionais na competitividade das exportações dos países em desenvolvimento. Na China, por exemplo, a participação das empresas multinacionais nas exportações subiu de 17% em 1991 para 50% em 2001. No México, o aumento foi de 15% em 1995 para 31% em 2000; na Hungria, de 58% em 1995 para 80% em 1999; na Malásia, de 26% em 1985 para 45% em 1995. Em alguns países, houve um crescimento de produtos de alta e média tecnologia nas exportações das filiais das corporações estrangeiras. Nesses casos, uma política ativa de promoção dos investimentos foi fundamental.
Assim, o crescimento das exportações esteve diretamente relacionado com a expansão do sistema de produção das empresas transnacionais. Infelizmente, esse não foi o caso do Brasil. A participação dessas firmas nas exportações brasileiras aumentou de 18% em 1995 para 21% em 2000. Isso indica que o país precisa adotar uma estratégia ativa de inserção no sistema de produção das empresas globais, aproveitando a mão-de-obra qualificada, as fontes de matérias-primas, os sistemas de logística etc. a fim de melhorar e aumentar a oferta dos bens exportados.


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