São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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PAZ E AMOR

Luiz Inácio Lula da Silva está levando ao pé da letra o rótulo de "Lulinha, paz e amor" que se auto-aplicou na presente campanha eleitoral. O exemplo talvez mais acabado dessa tática eleitoral surgiu na sua passagem por um evento organizado pela Escola Superior de Guerra. Lula já vinha fazendo acenos para os militares; há algumas semanas, por exemplo, fez elogios ao "planejamento" do governo Médici. Mas o discurso de sexta-feira, no Hotel Glória (Rio), superou expectativas.
O petista defendeu o serviço militar obrigatório; criticou a cessão da base espacial de Alcântara (MA) aos norte-americanos; deplorou a assinatura, pelo Brasil, do Tratado de Não-Proliferação Nuclear; prometeu reabrir programas esquecidos das Forças Armadas; e dispôs-se a rever o corte no Orçamento do setor perpetrado pelo atual governo.
Enfim, disse tudo o que o auditório gostaria de ouvir, como o tem feito para outros públicos.
A tática não é propriamente nova. A maioria dos candidatos procura sempre agradar a todos os públicos, na expectativa de ganhar, em troca, o maior número de votos.
Mas, no caso do Lula-2002, sua trajetória de campanha contém promessas que se contradizem umas às outras. Compromete-se, por exemplo, com o duro ajuste fiscal acertado pelo atual governo com o Fundo Monetário Internacional, mas, ao mesmo tempo, acena com a revisão de cortes de gasto público e com a recuperação salarial do funcionalismo.
É evidente que essa estratégia serve como uma luva para os interesses eleitorais imediatos do PT. Mas ela deliberadamente esconde da sociedade o que pretendem fazer Lula e seu partido se conquistarem o poder. Não se consegue governar sendo 100% paz e amor.


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