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CLÓVIS ROSSI
Passou do ponto?
SÃO PAULO - O programa de TV de José Serra, ontem, na hora do almoço, passou do ponto ou pegou na jugular de Luiz Inácio Lula da Silva?
A resposta a essa pergunta é chave,
dizem entendidos em eleições, para
definir se Lula tem mesmo chance de
levar já no primeiro turno, hipótese
posta em circulação desde o fim de
semana.
Para quem não viu o horário eleitoral, Serra pôs no ar discurso de José
Dirceu, presidente nacional do PT,
durante greve dos professores há dois
anos, no qual Dirceu afirma: "Eles
têm de apanhar nas ruas e apanhar
na urnas".
Corte para imagens de Mário Covas, o governador da época, sendo
agredido por professores grevistas no
centro de São Paulo. Conclusão do
programa: "O deputado (José Dirceu)
foi atendido".
Além disso, o programa lembra exigência da Prefeitura de São Paulo de
diploma universitário para fiscal e
comenta: "O Lula, porém, acha que
isso é não necessário para ser presidente do Brasil".
No QG de Serra, jura-se que o programa não tem nada a ver com a
perspectiva de vitória de Lula já no
primeiro turno, mas tem tudo a ver
com o anúncio do procurador Luiz
Francisco de que entraria com ação
por improbidade administrativa
contra pessoas ligadas a Serra.
O que o PT tem a ver com Luiz
Francisco? Ele manteria "ligações orgânicas" com o PT do Distrito Federal, diz o "serrismo".
A atitude do procurador é, de fato,
esquisita, ao chamar a mídia para
anunciar uma ação e envolver Serra
nela, apesar de ele próprio dizer que
não tem prova nenhuma de irregularidade do candidato.
Mas a reação do candidato tucano
é igualmente esquisita.
O eleitor é que vai decidir se aplaude ou se condena a reação de Serra, o
que só ficará claro no Datafolha do
fim de semana, já que o Ibope de ontem não captou esse momento, talvez
decisivo, da campanha.
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