São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Matemática eleitoral

BRASÍLIA - Marqueteiros e políticos parecem torcedores de futebol em final de campeonato: fazem contas para saber se seus times irão se classificar para a fase final do torneio.
Como a eleição brasileira tem uma hipótese de vitória por pontos corridos (ter 50% mais um dos votos válidos no primeiro turno), a discussão é se Lula (PT) vai liquidar a fatura já no dia 6 de outubro.
Existem exemplos passados que demonstram ser difícil, embora não impossível, a hipótese de não haver segundo turno.
Em 1998, todos se lembram, FHC fez a maior aliança política-eleitoral da história do Brasil. Tinha ao seu lado a Arena completa (Maluf, ACM e Bornhausen, entre outros) e o MDB (com a liderança de Mário Covas). Os "do contra", como Itamar Franco, ficaram neutros. Do outro lado, só o PT, isolado, Ciro Gomes, com o PPS (antigo PCB), e os nanicos.
Nunca é demais recordar que, em 1998, um real valia quase um dólar. A auto-estima do brasileiro estava preservada. Carros importados eram baratos. A classe média passeava em Miami. A crise econômica já estava aí, mas era escondida por algumas redes de TV. O cenário era bom para a reeleição do então presidente.
Com todo esse vento a favor, FHC bateu na trave antes de marcar o gol. Teve 43,14% dos votos, que representaram 53,06% dos válidos (todos os votos menos brancos e nulos).
Nesta eleição, o quadro é outro. Para começar, há três candidatos competitivos contra o petista: Serra (PSDB), Ciro (PPS) e Garotinho (PSB). Em 98, FHC disputou só contra Lula e Ciro, que, juntos, tiveram 42,68% dos votos válidos. Os outros nanicos somaram 4,26%. Total dos adversários do tucano: 46,94%.
Para o cenário de 98 se repetir agora a favor de Lula seria necessário alguma candidatura (Serra, Ciro ou Garotinho) se liquefazer até 6 de outubro. Os remanescentes teriam de pontuar pouco. É possível? É, mas ainda parece improvável e muito cedo para apostar nesse desfecho.


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