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FERNANDO RODRIGUES
Matemática eleitoral
BRASÍLIA - Marqueteiros e políticos parecem torcedores de futebol em final de campeonato: fazem contas para saber se seus times irão se classificar para a fase final do torneio.
Como a eleição brasileira tem uma
hipótese de vitória por pontos corridos (ter 50% mais um dos votos válidos no primeiro turno), a discussão é
se Lula (PT) vai liquidar a fatura já
no dia 6 de outubro.
Existem exemplos passados que demonstram ser difícil, embora não impossível, a hipótese de não haver segundo turno.
Em 1998, todos se lembram, FHC
fez a maior aliança política-eleitoral
da história do Brasil. Tinha ao seu lado a Arena completa (Maluf, ACM e
Bornhausen, entre outros) e o MDB
(com a liderança de Mário Covas).
Os "do contra", como Itamar Franco,
ficaram neutros. Do outro lado, só o
PT, isolado, Ciro Gomes, com o PPS
(antigo PCB), e os nanicos.
Nunca é demais recordar que, em
1998, um real valia quase um dólar.
A auto-estima do brasileiro estava
preservada. Carros importados eram
baratos. A classe média passeava em
Miami. A crise econômica já estava
aí, mas era escondida por algumas
redes de TV. O cenário era bom para
a reeleição do então presidente.
Com todo esse vento a favor, FHC
bateu na trave antes de marcar o gol.
Teve 43,14% dos votos, que representaram 53,06% dos válidos (todos os
votos menos brancos e nulos).
Nesta eleição, o quadro é outro. Para começar, há três candidatos competitivos contra o petista: Serra
(PSDB), Ciro (PPS) e Garotinho
(PSB). Em 98, FHC disputou só contra Lula e Ciro, que, juntos, tiveram
42,68% dos votos válidos. Os outros
nanicos somaram 4,26%. Total dos
adversários do tucano: 46,94%.
Para o cenário de 98 se repetir agora a favor de Lula seria necessário alguma candidatura (Serra, Ciro ou
Garotinho) se liquefazer até 6 de outubro. Os remanescentes teriam de
pontuar pouco. É possível? É, mas
ainda parece improvável e muito cedo para apostar nesse desfecho.
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