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CLÓVIS ROSSI
Regina Duarte e o bibelô
SÃO PAULO - Regina Duarte, como qualquer brasileiro, tem todo o direito de dizer que tem medo de Luiz
Inácio Lula da Silva.
Toda campanha eleitoral, no mundo inteiro, divide-se, em geral, em
dois eixos: um é a defesa do próprio
candidato; o outro, o ataque aos adversários (ou ao adversário quando o
jogo fica mano a mano).
Expressar sentir medo do adversário é, portanto, das regras do jogo.
Tanto é que Ciro Gomes disse, rigorosamente, a mesma coisa, ainda que
com outras palavras, e, não obstante,
foi aceito depois aos beijos pelo PT.
Também é do jogo patrulhar os adversários ou qualquer pessoa que não
concorde com o candidato ou o partido. Nisso, aliás, os petistas são mestres há muitos e muitos anos.
O que não é do jogo é o preconceito.
Nem para atacar Lula, nem para
atacar Regina Duarte. A frase do
candidato petista, segundo a qual
Regina tem medo das novas atrizes
da Globo, é preconceituosa e é prima-irmã de "o papel da minha mulher é
dormir comigo", que acabou de matar a candidatura Ciro Gomes.
Não cabe na boca de ninguém com
um mínimo de respeitabilidade e fica
indecente na boca de quem, como
Lula, é vítima permanente do preconceito -tanto nesta como nas
suas campanhas anteriores.
Fico absolutamente à vontade para
dizer tais coisas porque jamais tive
medo do PT ou de Lula, jamais tive
preconceito contra Lula ou contra o
PT e jamais deixei de criticar os que
exibiam o preconceito, como aconteceu com Mário Amato, então presidente da Fiesp. Não tive medo do patrulhamento do outro lado, que também existe e que também é forte. Só
está menos estridente, porque se sente minoritário desta vez.
Mas o mais elementar sentido comum manda reconhecer que há, sim,
gente que tem medo do PT e de Lula.
Como há gente que tem medo de José
Serra e/ou da manutenção das políticas do atual governo.
Essa gente tem de ser convencida, e
não tratada como inimiga da pátria,
como se Lula fosse um bibelô a ser
protegido até das palavras.
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