São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Lula ou fica como está

ROBERTO REQUIÃO

Estamos perto, tanto no Brasil quanto no Paraná, de encerrar o triste e desastroso ciclo dos governos neoliberais. Um sentimento de mudança, de transformações, contagia brasileiros e paranaenses.
A aventura globalizante, lá e cá, acumulou números devastadores. Dos 54 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, 2,1 milhões estão aqui no Paraná. São mais de 21% da nossa população. Para muitos, é incompreensível que um Estado tão rico como o nosso, responsável por um quarto da produção nacional de grãos, exiba números tão chocantes.
O abandono das bases históricas da economia paranaense, para a corrida atrás das fantasias das montadoras multinacionais de automóveis, generosamente aquinhoadas pelo atual governo, está nos custando muito caro. O mais trágico disso tudo é que algumas fábricas já fecharam e as que se mantêm em atividade sentem duramente o reflexo da crise.
Cito dois dados para definir com mais clareza essa "modernidade". O saldo de nossa balança despencou de US$ 2 bilhões, em 94, para os recentes US$ 389 milhões, nos últimos 12 meses. Ao mesmo tempo, perto de 60 mil empregos formais foram extintos de 1995 até hoje.
O número dos paranaenses que não têm nenhum rendimento, que ganham até um salário mínimo ou que recebem de um a dois salários mínimos equivale à média nacional. Deixamos de ser um dos Estados de maior renda do país para exibirmos números antes só encontrados nas regiões menos desenvolvidas.
Tal qual o Brasil, o Paraná vive a expectativa da mudança. E mudar, transformar, dar um salto à frente, vencer a crise e a miséria significa necessariamente o abandono das políticas neoliberais. No centro das nossas preocupações devem estar as pessoas.
Um governo só tem sentido, razão de ser, se levar em conta a vida de seu povo. O emprego, a segurança, a moradia, o direito de ser saudável, de estudar, de progredir, de se realizar, de ser feliz. É isso que conta.


Em vez desse provinciano encantamento com as montadoras, vou ser o governador dos empresários paranaenses


Em vez desse provinciano encantamento com as montadoras, vou ser o governador dos empresários paranaenses. Tal e qual fiz da outra vez que fui governador, vou isentar as pequenas empresas de impostos estaduais. Vou fazer uma troca: impostos por empregos. Para atrair novos investimentos, especialmente às regiões menos desenvolvidas de nosso Estado, o meu governo dará descontos de até 40% na energia elétrica. O Paraná é auto-suficiente na produção de energia e pouco ganha exportando-a. A auto-suficiência em energia dá ao Paraná uma vantagem que nenhum outro Estado brasileiro pode oferecer.
Vamos combinar essas medidas com a retomada do apoio à agricultura e à agroindústria. Seguro de safra, preço mínimo para cultivos estratégicos, financiamento com equivalência-produto e a criação de um fundo de aval para garantir empréstimos a empresários da cidade e do campo, promovendo assim uma forte queda dos juros, são algumas iniciativas para que a agricultura e a agroindústria paranaense voltem a crescer e a gerar centenas de milhares de empregos.
Ao mesmo tempo, vamos colocar em prática um conjunto de medidas emergenciais, para atender os 2,1 milhões de paranaenses que vivem abaixo da linha da pobreza. Incorporei ao meu programa de políticas emergenciais a proposta "Paraná Sem Fome", do candidato do PT ao governo, Padre Roque, que agora está comigo no segundo turno. Ela enriquece as medidas já planejadas para diminuir a dor da exclusão que vitima tantos irmãos nossos.
A habitação popular, o saneamento, a saúde e a educação públicas, setores que tanto sofreram com os desvios neoliberais, voltarão a receber os investimentos de que precisam para atender os paranaenses. Temos aí uma enorme dívida social. Vamos pagá-la.
Neste segundo turno, tenho o privilégio de receber o apoio do PT, do PPS, do PC do B, do PV e de outros partidos que agora formam uma frente ética e popular, decidida a redirecionar a política, a administração e a economia do Paraná.
Para essa tarefa, vamos contar com um grande parceiro, Luiz Inácio Lula da Silva. A eleição de Lula será a garantia de que, finalmente, os brasileiros assumirão o controle de suas próprias vidas. Com Lula presidente, o Brasil vai poder, depois de tantos séculos de distância, promover o encontro entre o Estado e o cidadão.


Roberto Requião, 61, jornalista e advogado, senador pelo PMDB do Paraná, é candidato ao governo do Estado. Foi governador do Paraná (1991-94), secretário de Desenvolvimento Urbano (1989) e prefeito de Curitiba (1985-88).



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