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GABRIELA WOLTHERS
Discurso em ruínas
RIO DE JANEIRO - As imagens das ruínas em que se transformou o campo de refugiados em Jenin não servem apenas para confirmar a devastação provocada por Israel nos territórios palestinos. Elas também jogam
por terra o discurso do primeiro-ministro israelense Ariel Sharon de que
a operação tem o único objetivo de
eliminar focos de terrorismo.
Para que o raciocínio de Sharon fizesse algum sentido, seria preciso
concluir que todo o centro de Jenin
era frequentado por terroristas. OK,
os militares alegam que, além de destruir as casas onde estavam os terroristas, umas outras tiveram de ser
derrubadas para permitir a movimentação dos tanques. Só resta colocar em dúvida a perícia dos motoristas desses tanques, já que não sobrou
pedra sobre pedra no local.
Como o Exército israelense é conhecido por seu profissionalismo, faz
mais sentido acreditar que eles entraram em Jenin com a missão de deixar
a terra arrasada. Não só prender terroristas, mas dar uma lição nos palestinos, mostrar com quem está a
força. Vingar os israelenses mortos
pelos homens-bomba.
Há quem considere justo esse olho
por olho, dente por dente. Mas essas
mesmas pessoas devem admitir que
as práticas do Exército israelense se
igualam às dos próprios homens-bomba, práticas essas que Sharon diz
combater.
Dostoiévski já escreveu que não
compreendia por que os homens consideram mais glorioso bombardear
uma cidade do que assassinar alguém a machadadas. Se ele não entendia, quem sou eu para explicar?
Passo a missão aos partidários de
Ariel Sharon.
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