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SINDICATO DO CRIME?
Já havia muito desconfiava-se
de que as relações entre as empresas de ônibus que operam em São
Paulo e o sindicato dos motoristas e
cobradores não se caracterizavam
exatamente pela lisura. A própria
prefeita da cidade, Marta Suplicy
(PT), havia qualificado -e mais de
uma vez- o setor como "mafioso".
Vão agora surgindo indícios objetivos de que coisas muito estranhas
ocorrem na área dos transportes coletivos de São Paulo. O Ministério
Público Estadual pediu a quebra do
sigilo do presidente do sindicato e de
dois diretores. Eles apresentam movimentações financeiras incompatíveis com os seus rendimentos declarados. Outros seis sindicalistas também estão sob investigação.
O Ministério Público procura apurar se houve ocorrência de crimes
contra a organização do trabalho e
contra a ordem tributária, desobediência a ordem judicial e formação
de quadrilha. A investigação teve início depois que reportagem da Folha
mostrou, no início do mês, que sindicalistas tinham posses dificilmente
compatíveis com sua renda.
Essas suspeitas, que já são por si
graves, ganham o reforço do testemunho de um ex-diretor do sindicato, segundo o qual a diretoria da entidade recebe propinas de valor entre
R$ 800 mil e R$ 1 milhão para promover "greves" de interesse dos empresários. Só na gestão de Marta Suplicy foram nove paralisações, nas
quais a cidade tornou-se refém de
um conluio entre empresas de ônibus e sindicato.
O testemunho não pode ser considerado prova definitiva, principalmente quando se consideram as relações de inimizade entre denunciante e denunciados. Ainda assim, a
investigação deve ser levada adiante,
pois, como bem afirmou José Carlos
Blat, promotor do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), "se todas as informações forem verídicas, estaremos
diante de um sindicato do crime".
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