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O RIOCENTRO REABERTO
O caso Riocentro está sendo reaberto após 18 anos. O presidente do
STM (Superior Tribunal Militar) determinou o envio ao Ministério Público Militar dos documentos originais do IPM (inquérito policial militar). Espera-se agora a abertura de
novo inquérito, solicitado pelo procurador-geral da Justiça Militar, Kleber Coêlho, segundo quem o IPM
realizado em 1981 foi uma "ficção" e
uma "fantasia absurda".
Pouca gente duvida que a bomba
que explodiu no carro Puma, na noite
de 30 de abril de 1981, matando o sargento Guilherme Pereira do Rosário
e ferindo o então capitão Wilson Machado, hoje tenente-coronel, era instrumento de um atentado frustrado,
que seria praticado pelas próprias vítimas. Segundo todas as evidências,
ele teria sido planejado por setores
de extrema-direita, militares ou policiais, insatisfeitos com os rumos do
processo de abertura democrática.
A opinião pública não deve mais
conviver com a mentira oficial, consagrada no laudo do IPM; o país está
maduro para esclarecer esse caso definitivamente e punir os eventuais
responsáveis pelo que poderia ter sido uma tragédia muito pior.
Se não há razões para insuflar nenhum tipo de revanchismo, não há
por que privar a sociedade do direito
de conhecer a verdade. O governo de
Fernando Henrique Cardoso tomou
uma importante decisão ao sancionar a lei que permitiu indenizar as famílias dos desaparecidos políticos
durante os anos 60 e 70. O Estado
brasileiro assumiu a responsabilidade pela morte de pessoas que deveriam estar sob sua guarda.
Em relação ao atentado do Riocentro, é preciso frisar que os eventuais
responsáveis não podem ser beneficiados pela Lei da Anistia, que abrange crimes cometidos entre setembro
de 1961 e agosto de 1979. O crime
tampouco está prescrito, já que houve uma morte e o prazo de prescrição
nesses casos é de 20 anos.
Uma vez reaberto, espera-se que o
novo processo do Riocentro seja conduzido de maneira sensata e transparente, seguindo plenamente a observância da lei. Se assim for, o país estará dando um passo a mais para
consolidar a sua democracia.
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