São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2000


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FERNANDO RODRIGUES

Outro enterro da oposição

BRASÍLIA - Quem acertou a mão ontem foi Nelson de Sá. Sintetizou o que todos vemos: se até Celso Pitta se salvou, apesar da sanha investigatória da TV Globo, será muito difícil o caso EJ colar em FHC.
Além disso, não bastasse o chapa-branquismo dos que chamam de canalhas os que pedem investigação, agora há também a oposição em desacordo sobre o melhor caminho a seguir no atual escândalo.
De um lado, o PT querendo o impeachment, abertura imediata de CPI e o que mais estiver à mão. De outro, o PDT dizendo que não adianta enganar a população prometendo ações impossíveis.
Ambos podem ou não ter um pouco de razão. Mas essa divergência pública apenas reitera o velho axioma sobre a esquerda -só se une no exílio ou na cadeia. E olhe lá.
A gênese da discórdia é bisonha. Assanhados com o novo escândalo, partidos de oposição marcaram uma reunião para a última segunda-feira, em Brasília. Todos os líderes partidários falariam em conjunto.
No meio do caminho, morreu Barbosa Lima Sobrinho.
Sem se avisarem, alguns líderes oposicionistas decidiram ir ao Rio, participar do enterro. Outros, fiéis ao compromisso assumido, só passaram no velório e seguiram para Brasília, como combinado. Desencontraram-se. E ficaram emburrados.
Aloizio Mercadante (líder do PT) foi ao enterro. Miro Teixeira (líder do PDT) passou no velório e correu para a reunião em Brasília.
É uma divergência boba. Pedir já ou depois uma CPI. Mesmo porque até as carpas coloridas do Palácio do Planalto sabem que nenhuma comissão será instalada agora.
Tudo por causa de um desencontro num enterro. Não é a primeira vez que a oposição diverge numa crise. Não será a última.
FHC agradece.


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