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FERNANDO RODRIGUES
Outro enterro da oposição
BRASÍLIA - Quem acertou a mão ontem foi Nelson de Sá. Sintetizou o que
todos vemos: se até Celso Pitta se salvou, apesar da sanha investigatória
da TV Globo, será muito difícil o caso
EJ colar em FHC.
Além disso, não bastasse o chapa-branquismo dos que chamam de canalhas os que pedem investigação,
agora há também a oposição em desacordo sobre o melhor caminho a seguir no atual escândalo.
De um lado, o PT querendo o impeachment, abertura imediata de
CPI e o que mais estiver à mão. De
outro, o PDT dizendo que não adianta enganar a população prometendo
ações impossíveis.
Ambos podem ou não ter um pouco
de razão. Mas essa divergência pública apenas reitera o velho axioma sobre a esquerda -só se une no exílio
ou na cadeia. E olhe lá.
A gênese da discórdia é bisonha.
Assanhados com o novo escândalo,
partidos de oposição marcaram uma
reunião para a última segunda-feira,
em Brasília. Todos os líderes partidários falariam em conjunto.
No meio do caminho, morreu Barbosa Lima Sobrinho.
Sem se avisarem, alguns líderes
oposicionistas decidiram ir ao Rio,
participar do enterro. Outros, fiéis ao
compromisso assumido, só passaram
no velório e seguiram para Brasília,
como combinado. Desencontraram-se. E ficaram emburrados.
Aloizio Mercadante (líder do PT)
foi ao enterro. Miro Teixeira (líder do
PDT) passou no velório e correu para
a reunião em Brasília.
É uma divergência boba. Pedir já
ou depois uma CPI. Mesmo porque
até as carpas coloridas do Palácio do
Planalto sabem que nenhuma comissão será instalada agora.
Tudo por causa de um desencontro
num enterro. Não é a primeira vez
que a oposição diverge numa crise.
Não será a última.
FHC agradece.
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