A proximidade do 450º aniversário de São Paulo estimula a organização de atividades que, mesmo em meio a previsíveis manifestações oficialistas e de caráter eleitoral, prometem reacender o interesse sobre a história e a cultura dessa que se tornou a maior e mais dinâmica cidade brasileira.
É o caso, por exemplo, da exposição que deverá trazer ao Brasil, pela primeira vez, as epístolas originais enviadas pelos jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega, no século 16, a seus superiores na Europa. As cartas serão exibidas no local onde, em 25 de janeiro de 1554, foi realizada a missa que marcou a fundação da capital paulista -o Pátio do Colégio, à época apenas uma área descampada. Esses primeiros documentos históricos da cidade de São Paulo são conhecidos pela riqueza de detalhes com que os religiosos narravam os fatos da vida na então colônia portuguesa.
Espera-se, além disso, por ocasião do aniversário, uma série de lançamentos editoriais, encontros, mostras e ações urbanísticas que certamente irá contribuir não apenas para que os paulistas de todas as origens renovem seu interesse pela cidade mas para que o Brasil reencontre uma oportunidade de reflexão sobre o papel que São Paulo tem desempenhado ao longo da história do país.
Muitas vezes situada como exceção ou um caso relativamente extravagante em contraste com a brasilidade sensual e amestiçada da cultura litorânea, São Paulo tem sido associada quase que unicamente à imigração européia e à força econômica. O inevitável estereótipo da "locomotiva" -a cidade trabalhadora de imigrantes- pode turvar muitas vezes a percepção de outros aspectos da rica contribuição paulistana à formação social e cultural brasileira. Temas como esses, assim como aspectos históricos adormecidos ou ainda desconhecidos, certamente terão oportunidade de surgir em cena como um dos efeitos profícuos da efeméride que se avizinha.




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