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FERNANDO RODRIGUES
Integralidade escondida
BRASÍLIA - Há uma certa interdição do debate na reforma da Previdência
quando se fala de como será o sistema para futuros funcionários públicos. É equivocada a idéia de que o salário integral na aposentadoria está
descartado para os novos servidores
pós-emenda constitucional.
Para começar, quando for promulgada a reforma, tudo ficará exatamente igual para os funcionários públicos que ingressarem no governo. A
mudança só vai ocorrer depois de o
Congresso votar uma lei ordinária
criando fundos complementares.
Enquanto não houver lei, fica tudo
igual. A julgar pela celeridade do
Congresso em anos eleitorais (como
2004), é possível que esses novos fundos entrem em vigor só lá para 2005,
na melhor das hipóteses.
É importante lembrar que os fundos complementares devem ser constituídos também pelos Estados (26
Assembléias Legislativas) e pelas cidades (cerca de 5.600 Câmaras Municipais). Tarefa demorada.
Se e quando forem criados esses
fundos complementares, pelo texto
atual que tramita na Câmara, os servidores futuros terão garantida a integralidade do salário até R$ 2.400,
da mesma forma que trabalhadores
da iniciativa privada, no momento
da aposentadoria.
Para quem ganhar mais de R$
2.400, a complementação virá pelo
fundo de pensão. Até qual valor esse
fundo vai garantir para os futuros
servidores? Depende.
Se os fundos forem criados pelo regime de benefício definido, os futuros
servidores poderão continuar a se
aposentar com o último salário integral. Com algo raramente encontrado na iniciativa privada brasileira: o
patrão (União, Estados e municípios)
bancando 50% da conta.
É fácil prever que as leis ordinárias
vão produzir fundos com benefício
definido. E, por consequência, a integralidade de muitos servidores estará
garantida. Assim como é hoje, embora Lula tenha apresentado como slogan de campanha a necessidade de
mudança para o Brasil.
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