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ELIANE CANTANHÊDE
Paulistério desvairado
BRASÍLIA - Todo mundo vivia ironizando FHC e os tucanos por fazerem
um "governo de paulistas". Apesar de
carioca, o próprio FHC fez vida pública em São Paulo, tanto quanto José Serra, Sérgio Motta, Clóvis Carvalho, José Gregori e o gaúcho Paulo
Renato Souza. E trouxeram equipes.
FHC, porém, pelo menos foi buscar
no Rio a cúpula econômica. Pedro
Malan, Gustavo Franco e Armínio
Fraga, só para citar alguns. E Lula?
Pernambucano, o presidente eleito
fez toda sua vida em São Paulo. E é
cercado por José Dirceu, mineiro-paulista, José Genoino, nordestino-paulista, e Antônio Palocci, Luiz Gushiken, Gilberto Carvalho e Aloizio
Mercadante, paulistas-paulistas.
Daí vão sair os homens do poder,
inclusive do Planalto e da economia.
Um ou outro mineiro, como o vice José Alencar, serão escalados para diversificar um pouco a foto. Mas a
"entourage" de Lula é toda paulista.
Se alguém dá uma pitada de graça
ao atual e ao novo paulistério são os
baianos: Nizan Guanaes no caso de
FHC, Duda Mendonça no de Lula, e
ACM no de ambos... E que graça!
Afora eles e José Alencar (cotado
para Desenvolvimento), Lula também deve convocar -como já fez para a equipe de transição- bons técnicos do Rio, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Acre, Estados hoje
administrados pelo PT.
Mas não se engane. Eles serão chamados na condição de assessores (ou
acessórios?), para ajudar a botar a
casa e a burocracia em dia. O centro
do poder político, social, econômico
é/será de São Paulo e ninguém tasca.
Além do Planalto e da cúpula econômica -Banco Central incluído-,
não seria surpresa se duas áreas-chave fossem também para o Estado
mais desenvolvido: Educação e Saúde. Lá estariam os melhores educadores e sanitaristas.
Se é para mudar, entretanto, é importante cuidar também do equilíbrio da Federação nos cargos e nos
gabinetes que decidem o futuro de
uma nação inteira. Querendo e buscando, há muita gente boa por aí. O
país e o mundo não começam nem
acabam nas fronteiras de São Paulo.
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